A falta de integração entre as organizações públicas é um problema crônico. Existem diversas iniciativas isoladas no sentido de buscar por integrações em nível de sistemas de informações e/ou dados, mas não foi desenvolvida ainda uma abordagem que tenha três características importantes no contexto da diversidade do território Brasileiro: sistemática, adaptabilidade e escalabilidade.
Não é possível trabalhar este desafio sem o apoio de Tecnologia da Informação, e neste sentido, a Estratégia de Governança Digital[1] definiu como alguns de seus objetivos, promover: entendimento, comunicação, reuso e compartilhamento. A indústria (e o governo) têm respondido a estes desafios por meio de mecanismos de integração e colaboração entre sistemas e entre repositórios de dados, porém estas soluções são em geral específicas, não aguardam uma contextualização clara de sua aplicação e não escalam. As principais razões residem no fato de que há: i) rápido crescimento na variedade de arquiteturas de sistema e o número de serviços eletrônicos de governo; ii) enorme quantidade de dados inter-relacionados; iii) necessidade de aumentar o compartilhamento de informações; e iv) demanda por dados abertos. Assim, as organizações governamentais precisam decidir onde concentrar seus esforços e orçamento finito para atender às prioridades das sociedades de maneira ágil e dinâmica.
Tais demandas exigem não apenas conhecimento sobre como os processos, dados, sistemas, infraestrutura, etc, devem ser compartilhados, trocados e reutilizados, mas também quais são os conceitos relacionados a eles, como se inter-relacionam e qual o seu contexto de uso.
O paradigma de arquitetura corporativa tem sido empregado neste cenário para integrar as organizações por meio do alinhamento entre negócios, informação e tecnologia em uma abordagem orientada a objetivos. Sua dinâmica propõe relacionar as informações de disciplinas (como estratégia, processos, dados, sistemas, infraestrutura, segurança, sociedade, etc) que até então estavam sendo realizadas de forma solitária e dissociada do todo, sem apresentar a rastreabilidade das transformações geradas e quais outras informações (de ações, sistemas, serviços, decisões, etc) poderiam ser impactadas, positiva ou negativamente. Além disso, a arquitetura corporativa visa atuar como uma função consistente de planejamento estratégico, que auxilia as organizações na compreensão do processo pelo qual as estratégias de negócio e de TI se transformam em realidade operacional.
Ok, mas e como isso pode ajudar no problema da integração entre as IFES e destas com outras organizações públicas?
O Governo Brasileiro é composto de múltiplas organizações, sendo que cada uma pode construir a sua própria arquitetura corporativa. No entanto, existe uma relação estreita entre todas as informações e processos de execução e o uso destes pelo governo como um todo, demostrando uma necessidade de integração entre suas organizações por meio de informações, processos e sistemas de informação, viabilizando a condição de “Governo Conectado”.
Este é o caminho que têm investido países como Estados Unidos, Coreia do Sul, Dinamarca, Nova Zelândia, Singapura e Austrália. Acredita-se que uso de uma base estrutural arquitetural comum serve como instrumento para alavancar a reutilização, interoperabilidade e gerenciamento unificado de elementos comuns.
A arquitetura corporativa para governo tem sido pensada como uma camada de abstração que seja capaz de conectar e integrar qualquer organização pública, de qualquer domínio, e que seja capaz de promover a melhor comunicação, compartilhamento e colaboração entre organizações que tenham o mesmo fim, neste caso as IFES.
Nesse contexto, esta palestra aborda o tema de arquitetura corporativa e como este paradigma pode apoiar no desenvolvimento da problemática de integração entre as IFES e destas com outros órgãos de governo. Serão apresentadas abordagens governamentais já existentes no mundo, dentre elas, o desenvolvimento do FACIN – Framework de Arquitetura Corporativa para Interoperabilidade no Apoio a Governança, pelo Governo Brasileiro. O FACIN visa apoiar a EGD, aumentar a colaboração entre organizações governamentais e melhorar a eficiência e a transparência dos serviços e investimentos em e-gov para a sociedade.
[1] https://www.governodigital.gov.br/EGD