O Museu de Arte e de Cultura Popular (MACP) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em parceria com o Museu de Arte Sacra de Mato Grosso (MAS-MT) realizam a exposição coletiva “À Flor da Pele: Arte Negra no Museu”, dedicada a artistas negros matogrossenses. No MACP o evento conta 70 obras que ficarão expostas a partir do próximo dia 28, de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h. Já no MAS-MT as visitas às 25 obras acontecem desde o último dia 16, de quarta a domingo das 9h às 17h.
O Supervisor do MACP, professor Carlos Eduardo Amaral de Paiva, conta que a exposição “À Flor da Pele: Arte Negra no Museu” segue em ambos os museus até o mês de janeiro, com a curadoria de Ludmila Brandão e Gervane de Paula e expografia de Serafim Bertoloto e Viviene Lozi.
“A exposição marca a reabertura do museu depois de dois anos fechado em decorrência do isolamento. É uma exposição com jovens artistas e artistas canônicos que possuem suas obras no acervo do MACP. A exposição busca o diálogo entre gerações de artistas negros e negras que passaram pelo museu”, explica complementando que há obras de alguns dos artistas desse primeiro movimento realizado no MACP, bem como jovens e atuantes artistas negros que hoje fazem o duro trabalho de serem incluídos no sistema artístico nacional.
Para a curadora Ludmila Brandão a exposição se destaca pela natureza irruptiva do movimento negro que enfim habita o espaço público. “ Em 1988 o MACP sediou a exposição chamada Negra Sensibilidade com trabalhos de nove artistas negros (uma mulher) em uma espécie de homenagem de um museu universitário a esses operários da arte. Esta exposição não é uma homenagem. É, ao contrário, uma ocupação, uma irrupção ético-estética que toma de assalto o sistema de arte com seus cubos brancos e artistas igualmente brancos, quase todos homens, até então”, destaca.
Artes, diálogos e resistências
Ainda de acordo com Ludmila Brandão, a exposição, coloca ao lado dos artistas que participaram da exposição de 1988, presentes no acervo do MACP, os jovens artistas que com o tema negritude hoje se movimentam entre a arte e a política, entre a introspeção e a insurreição, trazendo para o museu, de modo a que todos ouçam, seus gritos à flor da pele.
A diretora do MAS-MT, Viviene Lozi, membro do conselho curador do MACP, e que assina também a expografia da Exposição, explica que a parceria para esse evento tem um caráter muito sensível e necessário. “Juntamente com o professor Serafim Bertoloto realizamos a expografia que é a forma como a exposição será vista pelo público. É um trabalho muito afinado juntamente com os curadores, onde alinhamos todos os aspectos para permitir comunicar a proposta de maneira íntegra e compreensível. Essa exposição se mostra necessária, e reune artistas negros do Estado da década de 70, 80 e também outros artistas populares, modernos e contemporâneos”, diz.
Ainda de acordo com a diretora do MAS-MT, a temática se revela pertinente nos dias atuais, pois o racismo no Brasil ainda é latente e precisa ser discutido e levado para os espaços museológicos. “A arte negra não é só apenas uma arte objetivada, ou colocada como coadjuvante. Pelo contrário, dentro da perspectiva de nosso estado é uma arte muito expressiva, e basicamente os artistas plásticos mato-grossenses ajudaram a formar a identidade desse estado, com que há de mais genuíno dentro de suas produções”, explica.
Para a diretora é necessário que os museus possam abrigar exposições que trabalhem a temática e também a recepção de artistas negros que contribuem para a construção da identidade e de fortalecimento da cultura afro. “Para o MAS-MT parte da exposição do artesão Clinio de Moura, que é permanente do Museu, receberá novos objetos e integra a exposição “À Flor da Pele: Arte Negra no Museu”. Teremos então dois ambientes, que trazem trabalhos em diversos suportes, desde instalações, gravuras, pintura de cavalete”, comenta.
Programação diversificada nos museus
Quem visitar a exposição terá contato com obras de grandes nomes das artes plásticas mato-grossense como Gervane de Paula, Paty Wolff, Paulo Pires, Adão Silva / Babu 78, Elaine Fogação, Rodolfo Luis, Sol Ferreira, Vânia de Paulo, Nilson Pimenta, Benedito Nunes, Osvaldina dos Santos, Clínio de Moura e o artista Baiano Rubem Valentim in memoriam Alcides Pereira dos Santos.
Na programação haverá também rodas de conversa, exibição de filmes, e visitas guiadas para escolas e demais grupos. A acessibilidade desta mostra está sendo realizada em parceria com o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da UFMT. Os agendamentos podem ser feitos pelo e-mail macp.procev@ufmt.br ou pelo telefone (65) 3313-8355.
Além da Exposição, o MACP inicia na próxima terça-feira (27), no período da manhã, o Curso de Cerâmica com a artista Paty Wolff, selecionada pelo Edital de Ocupação do Ateliê Livre do Museu. A artista abordará técnicas de cerâmica, como modelagem, esculpimento, ocagem, secagem e outros. A oficina é gratuita e contará com duas turmas.
Leia mais