Dissertações 2025
Autor: ANAANGÉLICA PEREIRA DA SILVA
Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Random Forest, Planet SuperDove, Chapada dos Guimarães.
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um instrumento essencial para o monitoramento e regularização ambiental de imóveis rurais no Brasil. No estado de Mato Grosso, sua implementação enfrenta desafios relacionados à confiabilidade dos dados auto declaratórios e à necessidade de análises técnicas que garantam maior precisão. Diante desse contexto, este estudo teve como objetivo mapear a cobertura e o uso do solo no município de Chapada dos Guimarães utilizando imagens de alta resolução do satélite Planet SuperDove e técnicas de aprendizado de máquina, com foco no algoritmo Random Forest. Também foi realizada uma análise espacial dos imóveis cadastrados no CAR, a fim de identificar divergências entre os dados declarados, os validados pela SEMA e os obtidos por meio da classificação temática automatizada em escala 1:25.000. A metodologia incluiu o pré-processamento das imagens, classificação supervisionada, refinamento visual de áreas críticas e validação dos resultados com o índice Kappa. A classificação atingiu uma acurácia global de 91% e coeficiente Kappa de 0,89. As análises evidenciaram divergências relevantes, como a superestimação de Áreas de Uso Restrito (AUAS) e Reservas Legais (ARL) no CAR em relação aos dados mapeados sendo observada, por exemplo, uma diferença de +1.576 há nas AUAS e 1.414 há nas Áreas de Vegetação Nativa (AVN). Além disso, classes como APP e APPD apresentaram variações de +49,13% e +271,11%, respectivamente. Uma limitação identificada foi a dificuldade de mapeamento automático das veredas, devido à similaridade espectral com outras classes e à variação fenológica, exigindo refinamento manual por interpretação visual. Os resultados confirmam a utilidade de dados geoespaciais de alta resolução integrados a técnicas de aprendizado de máquina para o aprimoramento da base temática e apontam a necessidade de melhorias nos mecanismos de validação do CAR. O estudo contribui para o fortalecimento da governança ambiental em Mato Grosso, promovendo uma gestão territorial mais precisa, eficaz e alinhada às exigências do Código Florestal.
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Autor: CAROLINA CARDOSO COSTA CAVALCANTR
Palavras-chave: Restauração florestal, indicadores ambientais, dendrocronologia, anéis
de crescimento..
A capacidade de registrar e investigar essas mudanças constitui uma ferramenta para a compreensão dos impactos e consequências dessas transformações ambientais. Neste contexto, a análise anatômica e a mensuração da largura dos anéis de crescimento constituem abordagens relevantes para a identificação de padrões climáticos históricos. Esta dissertação tem como objetivo avaliar a viabilidade de estudos dendrocronológicos com 16 espécies lenhosas do bioma Cerrado. O primeiro capítulo contempla uma revisão bibliométrica da literatura científica relacionada à dendrocronologia, com base em publicações indexadas nas bases de dados Scopus, Web of Science e Scielo, utilizando os descritores: “dendrochronology”, ‘’growth ring” and “tree ring”. A análise considerou os principais autores da área, os anos com maior número de publicações, redes de coautoria, periódicos com maior volume de publicações e a frequência das palavras-chave, resultando na elaboração de uma nuvem de palavras. Os resultados permitiram delinear o estado da arte da dendrocronologia no Brasil, revelando avanços significativos em diferentes regiões do país. Entretanto, observou-se uma lacuna substancial de estudos voltados ao bioma Cerrado, apesar de sua expressiva importância ecológica e da crescente pressão antrópica, especialmente pelo desmatamento. O segundo capítulo teve como finalidade caracterizar o lenho de espécies do Cerrado sentido restrito do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, com vistas à identificação de espécies com potencial para estudos dendrocronológicos, foram descritas as características anatômicas macroscópicas e avaliados os tipos e limites dos anéis de crescimento. Foram selecionadas 16 para análise. O método de coleta foi realizado por meio do método não destrutivo, utilizando sonda de Pressler consistindo na retirada de cilindros do lenho de 5 mm de diâmetro no DAP (diâmetro à altura do peito, 1,30 m) do tronco das árvores. Todas foram polidas e analisadas sob microscópio estereoscópico, com lente de aumento 10x para descrição anatômica. A maioria das espécies apresentou parênquima axial em faixas, porosidade difusa e camadas de crescimento bem definidas, delimitadas por zonas fibrosas escuras. Essas estruturas são comuns em espécies do Cerrado devido à sazonalidade climática, que influencia a atividade cambial e a formação do xilema. As características anatômicas das espécies do Cerrado refletem adaptações funcionais ao ambiente, como o equilíbrio entre transporte de água, suporte mecânico e armazenamento de carboidratos. A semelhança anatômica entre espécies do mesmo grupo ecológico contribui para a compreensão das adaptações do bioma. A análise da estrutura dos anéis de crescimento é essencial para estudos dendrocronológicos, permitindo compreender a variação ambiental ao longo do tempo.
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PROPOSTA DE REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO RIO QUEIMA-PÉ: INSTRUMENTO PARA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Autor: KAROLINE ASSUERO CINTRA FERREIRA
Palavras-chave: Lei de Proteção da Vegetação Nativa, Uso do solo, Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, Bacia Hidrográfica.
A bacia hidrográfica de abastecimento público é vital para fornecer água potável, sustentar ecossistemas saudáveis e garantir a qualidade de vida das pessoas. O desmatamento nessas áreas causa erosão, assoreamento e perda de biodiversidade. A Lei da Proteção da Vegetação Nativa, Lei nº 12.651/2012, apresenta instrumentos legais para regularizar propriedades ambientalmente irregulares, mas sua efetivação depende de estudos detalhados do uso do solo, pois a legislação estabelece dois regimes jurídicos distintos, um geral (mais restritivo) e um especial (mais flexível), que têm como destinatários os imóveis rurais com área consolidada em Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). Portanto, um estudo da microbacia hidrográfica do rio Queima-Pé, única fonte de abastecimento de água de Tangará da Serra, Mato Grosso, é essencial para identificar ações de regularização ambiental e garantir a conservação dos recursos hídricos para as gerações futuras. E assim, a presente pesquisa teve como objetivo analisar a situação ambiental da microbacia hidrográfica do rio Queima-Pé, considerando as exigências de APP e RL previstas na Lei nº 12.651/2012, com finalidade de estabelecer as áreas prioritárias de proteção e recuperação ambiental. Para alcançar esse objetivo foi realizado o levantamento do estado da arte sobre o tema central recuperação de vegetação nativa no Brasil por meio da revisão bibliométrica; analisada as mudanças históricas no uso e ocupação do solo da microbacia hidrográfica; identificado e espacializado os critérios e exigências da Lei de Proteção da Vegetação Nativa determinando a situação ambiental dos imóveis rurais inseridos na região; e proposto a regularização ambiental da microbacia hidrográfica do rio Queima-Pé considerando a conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade. O estudo bibliométrico resultou no levantamento de 643 artigos publicados no Brasil entre 1991 e 2023, com aumento de publicações após 2015, principalmente nos biomas Mata Atlântica e Amazônia. Em relação a microbacia do rio Queima-Pé (5.382,87 ha), houve uma expansão da agropecuária entre 1985 e 2022, resultando em uma ocupação atual de 4.318,89 ha, enquanto a cobertura florestal corresponde 558,49 ha da área. A microbacia possui 79,66 ha de áreas de preservação permanente degradadas, contudo, a necessidade de recomposição ao aderir ao Programa de Regularização Ambiental será de 31,18 ha. O passivo ambiental em área de Reserva Legal corresponde a 113,60 ha que deve ser obrigatoriamente recuperado in loco, e 648,98 ha que pode ser recomposto na microbacia ou compensado. Como alternativa este estudo sugere, primeiramente, a restauração direta das áreas de Reserva Legal (RL) e das Áreas de Preservação Permanente Degradadas (APPD) em propriedades rurais com mais de quatro módulos fiscais. Essa medida resultaria na restauração de 300,04 ha. Além disso, sugere a recomposição in loco de 1.183,69 hectares, visando atingir 50% de Reserva Legal (RL) em áreas não registradas e em propriedades rurais com até quatro módulos fiscais com a finalidade de garantir a conservação dos recursos naturais.
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ETNOBOTÂNICA E CLASSE DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS EM Vanilla palmarum (ORCHIDACEAE) NO CERRADO DE MATO GROSSO, BRASIL
Autor: LILIANE ZIEGLER LEZAN
Palavras-chave: Fitoquímica, Consenso informante, Comunidades tradicionais..
O estudo da etnobotânica traz à luz da ciência a importância do saber
das comunidades tradicionais sobre o conhecimento empírico que expressa a
relação entre as plantas e as populações humanas. O presente trabalho objetiva
resgatar o conhecimento quanto ao uso das plantas pelos moradores das
comunidades, com ênfase nos aspectos etnobotânicos. Os levantamentos
etnobotânicos foram realizados nas comunidades nos municípios matogrossenses de
Cuiabá, Rosário Oeste e Cáceres, especificamente nas comunidades: 1) Passagem
da Conceição; 2) Vale das Pedras (Alto Paraguai), 3) Bauxi (Alto Paraguai) e 4)
Carne Seca (Cáceres, Pantanal), MT, Brasil. A metodologia foi
qualiquantitativa. Na fase qualitativa realizou-se a aplicação do pré-teste,
entrevista semiestruturada e não estruturada, registro fotográfico, turnê
guiada, história oral e observação direta. As coletas foram realizadas dezembro
2023 a março 2024. No quantitativo foi utilizado o Consenso Informante, que avaliou
o Nível de Fidelidade (NF), Fator de Correção (FC) e a importância relativa de
concordância de uso (Pcup) entre os informantes. No total foram citadas 176
espécies vegetais distribuídas em distribuídas em 62 famílias botânicas e 743
citações para os diversos usos das plantas citadas. Entre as famílias as que
alcançaram maiores representatividades são: Fabaceae (n=16), Lamiaceae (n=14),
Myrtaceae (n=13), Rutaceae (n=8), Rubiaceae (7), Solanaceae (7), Anacardiaceae
(n=6), Arecaceae (n=6). Dada a relevância etnobotânica da baunilha nessas
comunidades tradicionais, as espécies escolhidas para análises fitoquímicas são
a Vanilla palmarum, coletadas em Cuiabá e na comunidade Bauxi, município de
Rosário-Oeste, MT. As análises fitoquímicas apontaram compostos encontrados nos
extratos brutos das plantas, sendo os testes positivos para a presença de
Taninos, Fenóis, Esteroides e Triterpenóides nas duas espécies de baunilha,
assim como nos diferentes extratos (hidroalcóolico polar) quanto no extrato
contendo a parte apolar (Diclorometano)
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INFLUÊNCIA DO SÍTIO NA QUALIDADE DO LENHO DE ÁRVORES DE Tectona grandis DE PLANTAÇÕES DE RÁPIDO CRESCIMENTO
Autor: Waldelaine Rodrigues Hoffmann
Palavras-chave: Anéis de crescimento. Densidade do lenho. Condições de crescimento. Variação radial e longitudinal.
As plantações comerciais correspondem a cerca de 80% da oferta de
madeira de teca no mercado internacional, e grande parte desse fornecimento
provém de florestas de rápido crescimento. Porém, a teca com altas taxas de
crescimento ainda é comumente associada à madeira de menor qualidade. Em
paralelo, fatores como sítio, idade e posição ao longo do fuste afetam a
densidade do lenho, tornando necessário avaliar como esses fatores influenciam
a variação radial e longitudinal da densidade aparente e da largura dos anéis
de crescimento. O objetivo do estudo foi avaliar a influência do local de
plantio no perfil de densidade aparente do lenho de Tectona grandis aos 15-16
anos, proveniente de plantações de rápido crescimento, por meio da técnica de
microdensitometria de raios-x. Foi avaliado ainda a variação radial e
longitudinal da largura dos anéis de crescimento, densidade aparente do lenho,
largura e densidade do lenho inicial e lenho tardio nas três primeiras toras
comerciais. O estudo amostrou 18 árvores de plantações comerciais de teca
localizadas nos estados de Mato Grosso e Pará, Brasil, com idade de 15-16 anos.
Foram retirados discos ao longo de quatro alturas que correspondem a base (0,1
m) até o topo das três primeiras toras comerciais (2,7 m, 5,4 m e 8,1 m). O
perfil de densidade do lenho demonstrou que o material de Mato Grosso
apresentou maior variação radial na densidade. Independente do sítio, a largura
dos anéis diminuiu na direção radial e foi maior na base das árvores, reduzindo
da base (0,1 m) até a altura de 8,1 m em 36,4% em Mato Grosso e 22,4% no Pará.
Nos dois sítios, a largura do lenho inicial diminuiu longitudinalmente, com
média de 10 mm de largura no sítio do Pará e 9,19 mm no Mato Grosso, enquanto a
do lenho tardio se manteve constante, independentemente da altura. As árvores
do Pará apresentaram largura média de lenho tardio de 0,37 mm, valor superior
ao observado na teca em Mato Grosso (0,33 mm). A densidade do lenho das árvores
de teca do sítio de Mato Grosso foi inferior (0,571 g/cm³) às do sítio do Pará,
que alcançou 0,628 g/cm³. A densidade ainda aumentou na direção radial e
reduziu com menor intensidade na direção longitudinal. Não houve relação
significativa entre a largura do anel de crescimento e a densidade. Conclui-se
que as condições edafoclimáticas influenciaram o desenvolvimento das árvores,
refletindo em variações radiais e longitudinais nas características de largura
dos anéis de crescimento, largura e densidade de lenho inicial e tardio e
densidade do lenho de Tectona grandis. As árvores provenientes do sítio do Pará
apresentaram maior densidade e homogeneidade radial, enquanto as árvores de
teca de Mato Grosso apresentaram menor variação longitudinalmente. Os dois
sítios apresentaram árvores com densidade do lenho de teca satisfatória e
compatível com padrões comerciais, demonstrando que o rápido crescimento das
árvores não comprometeu a qualidade do material.
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