O Museu de Etnologia e Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso (Musear-UFMT) deu início, esta semana, ao processo de qualificação das informações das peças em exposição. Desta atividade, surgirão verbetes que irão compor o catálogo de comemoração dos 50 anos do Musear. Além disso, essas informações servirão para fomentar e atualizar o inventário do museu.
Todo o trabalho tem sido realizado pelas bolsistas Verônica Marta, graduanda do curso de Serviço Social; Tayane Moraes, graduanda do curso de História; Emília Top'Tiro, do povo A´uwe Xavante, graduanda em Cinema e Audiovisual; e Jéssica Lopes Ekureudo, do povo Boe Bororo, estudante da Licenciatura em Química. A atividade está sob supervisão da professora Sonia Lourenço e do museólogo Ryanddre Sampaio, que explica como o processo tem acontecido.
"A ideia é conseguir levantar através de pesquisa bibliográfica, com referências em etnografias clássicas e mais recentes, mas principalmente com a presença das estudantes indígenas no museu, que é caso da Jéssica e da Emília, para que levantemos o maior número possível de informações sobre o acervo, para que possamos não só produzir o catálogo, mas também atualizar as informações do nosso próprio inventário", conta o museólogo.
Jéssica, por sua vez, destaca que a atividade tem servido para ela contribuir com o conhecimento de seu povo, mas também conhecer a diversidade da produção dos Boe Bororo. "Tem sido muito interessante e diferente. Há uma diversidade grande dentro do mesmo povo. Eu sou de Meruri, da parte de cima. Então, na parte inferior alguns objetos e mesmo costumes são diferentes. Até a nossa língua materna tem diferença a depender da região, então os objetos também têm. E isso eu tenho observado de perto com essa atividade de pesquisa", relata.
O Musear, ao longo dos anos, já passou por alguns processos de qualificação do acervo, em menor escala, com a produção da exposição de longa duração, quando, por exemplo, recebeu outros indígenas das etnias Boe Bororo e Kurâ-Bakairi. Entretanto, o processo atual de qualificação do acervo vai além das etapas anteriores, como a produção de exposições pontuais. Esse esforço representa uma integração vital entre os pilares da comunicação e da pesquisa do museu, destacando a importância de ambos para a compreensão e preservação adequada do patrimônio cultural.
"O que consideramos como museu se baseia em um tripé que é preservação, pesquisa e comunicação. As exposições fazem parte da comunicação museal. A pesquisa, por sua vez, é uma das principais atividades do museu e é isso que estamos fazendo nesse projeto. Estamos realizando um atravessamento dos acervos do museu, porque estamos fazendo a qualificação do acervo museológico através também dos nossos acervos bibliográficos arquivísticos. É um cruzamento que evidencia que a comunicação interligada à pesquisa possibilita ainda mais a preservação do acervo", pontua Ryanddre.
Por: Safira Campos, Bolsista de Apoio Técnico - Comunicação