A contaminação de corpos d’água por pesticidas pode representar uma ameaça para os ecossistemas aquáticos e recursos de água potável. Uma vez aplicados, estes compostos podem, por diversos processos, contaminar os recursos hídricos. A área de estudo do presente trabalho é a nascente do Rio São Lourenço que está em processo de recuperação devido ao elevado estágio de degradação em que se encontrava. Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a dinâmica ambiental de pesticidas na nascente degradada do Rio São Lourenço em Campo Verde-MT e avaliar, preliminarmente, o efeito do processo de recuperação em curso sobre esta dinâmica. Amostras ambientais de água superficial, subterrânea, de chuva e de escoamento, assim como sedimento de fundo e carreado foram coletadas mensalmente entre agosto de 2010 e junho de 2011. Dois métodos multirresíduo baseados em extração em fase sólida foram utilizados para análise dos resíduos de pesticidas. Destes, um foi validado para a determinação de quatorze pesticidas (acetamipride, aldicarbe, carbendazim, carbofurano, clomazona, diurom, epoxiconazol, imidaclopride, metomil, piraclostrobim, tebuconazol, teflubenzurom, tiaclopride e tiametoxam) em amostras de água, através de identificação e quantificação por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a detector UV de arranjo de diodos. O outro método utilizado encontra-se descrito na literatura e emprega cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG/EM) para a determinação de treze pesticidas (atrazina e seus metabólitos DEA e DIA, metolacloro, trifluralina, clorpirifós, ?, ?- endossulfam e seu metabólito sulfato de endossulfam, parationa metílica, malationa e flutriafol). Para a determinação dos pesticidas atrazina, clorpirifós, ?, ? e endossulfam sulfato, malationa, parationa metílica, metolacloro e trifluralina em sedimento, foi utilizado método também já validado e descrito na literatura, que consiste na extração sólido-líquido por agitação mecânica seguida de purificação por extração líquido-líquido com identificação e quantificação por CG/EM. Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) obtidos para o método validado foram considerados satisfatórios para análise de resíduos de pesticidas em amostras de água, atendendo aos níveis estipulados pela legislação brasileira vigente. Os LD e LQ variaram de 0,07 a 0,75 ?g L-1 e de 0,19 a 0,99 ?g L-1, respectivamente. Os métodos foram aplicados para a análise de 176 amostras de água e 108 de sedimento. Destas, 84% e 78%, respectivamente, apresentaram resíduos de pesticida. Assim, é possível inferir que a maioria dos pesticidas considerados potenciais poluidores de água subterrânea e superficial avaliados nessa pesquisa foram detectados em amostras ambientais de água e sedimento, indicando a vulnerabilidade da área de cabeceira de drenagem do Rio São Lourenço à contaminação. O processo de escoamento superficial e o transporte atmosférico (volatilização ou deriva) de pesticidas mostraram-se uma importante via de contaminação dos recursos hídricos superficiais, alertando para a importância da manutenção da vegetação ciliar. A área de estudo apresentou-se altamente vulnerável à lixiviação dos pesticidas devido à baixa profundidade do lençol freático, ao comportamento físico-hídrico da vertente estudada e às altas concentrações e variedade de princípios ativos encontrados nas amostras de água subterrânea. Os pesticidas atrazina, endossulfam, trifluralina e metolacloro ultrapassaram os limites estabelecidos pela legislação brasileira vigente para resíduos de pesticidas em matrizes de água. O efeito do processo de recuperação da vegetação sobre a contaminação por pesticidas foi quase imperceptível quando comparado a estudos prévios na região, provavelmente devido a estar ainda em estágio inicial. Entretanto, foi possível demonstrar parcialmente seu efeito sobre a redução do carreamento superficial
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