Um dos problemas encontrados na análise estatística de dados provenientes de monitoramento da qualidade da água são os chamados dados, ou valores, censurados. Dados censurados indicam que valor medido é apenas parcialmente conhecido, ou seja, encontra-se abaixo ou acima do limite de detecção (LD) da técnica analítica de medição. Na literatura é comum a utilização do método de substituição, onde os valores censurados são substituídos por zero, 1⁄2LD ou LD. Porém, duas décadas de pesquisa revela que os valores censurados quando não tratados de maneira adequada levam a estimativas imprecisas dos parâmetros estatísticos (média e desvio padrão), especialmente quando o conjunto de dados possui poucas observações (n < 50) ou um elevado número de valores censurados (acima de 15% do total de observações). Neste contexto, o estudo ilustra como o valor calculado da concentração média das variáveis de qualidade da água é influenciado pela escolha do método de cálculo, do tamanho da amostra e do percentual de dados censurados e também chamar atenção para a importância deste tema no que diz respeito aos relatórios produzidos pelos programas brasileiros de monitoramento da qualidade da água. A análise foi realizada para os métodos paramétricos: Substituição Simples (SS), Estimação por Máxima Verossimilhança (MLE – Maximum Likelihood Estimator) e Gráficos de Probabilidade com Estatística de Regressão (ROS – Regression on Order Statistics) e o método não paramétricos de Kaplan-Meier (KM). Foram utilizados dados de concentração media das variáveis de qualidade da água (DQO, Nitrato e Fosfato) provenientes do programa de monitoramento da qualidade da água do Rio Cuiabá. Os resultados mostram que o método de substituição deve ser evitado, pois a média e desvio-padrão calculado são imprecisos e não podem ser reproduzidos.
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