Este trabalho constituiu-se a partir de um diagnóstico sobre a Educação Ambiental formal em Mato Grosso, através da análise de projetos elaborados por escolas que participaram da IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (IV CNIJMA), com ênfase no tema água. Esta Conferência ocorreu em 2013, e envolveu quatro subtemas para serem discutidos nas escolas: água, terra, fogo e ar. A análise envolveu aspectos quantitativos e qualitativos dos projetos, além de entrevistas com gestores, professores, alunos e questionários enviados por e-mail para as escolas participantes. Com isso foi possível realizar uma análise crítica sobre a educação ambiental formal em Mato Grosso. A proposta da Conferência mostrou-se adequada, uma vez que propiciou aos jovens um momento dialógico onde a reflexão e o protagonismo devem estar presentes através da constituição das Com-Vidas que partem da concepção freireana dos Círculos de Aprendizagem e Cultura. Contudo, a análise dos projetos revela que essa percepção ainda é incipiente no cotidiano escolar, sendo necessário ampliar a divulgação e o acompanhamento das propostas conceituais sugeridas pela Conferência. No Mato Grosso, esta dificuldade pode estar associada a diversos fatores, entre eles o próprio contexto histórico de ocupação do Estado, vinculado a hegemonia do agronegócio e sua influência sob aspectos políticos e econômicos além da própria ineficiência educacional. Dentre as escolas de Mato Grosso que participaram da IV CNIJMA, 29,5% são públicas estaduais, 68%, são públicas municipais e 2,5% pertencem a rede privada. A maior parte delas está localizada na zona urbana, correspondendo a 63,1% do total. Já dos 36,9% de escolas que estão na zona rural, 22,2% são escolas de assentamento, 6,7% de escolas indígenas, 4,4% de escolas quilombolas. A princípio, a análise dos projetos revelou que apenas 49,2% das escolas identificaram o subtema escolhido em seus projetos. Foi possível estabelecer o subtema de 82% dos projetos inscritos, onde 58% correspondiam ao subtema terra, 36% a água, 4% ao fogo e 2% ar. Constou-se nesta pesquisa, por parte dos executores dos projetos nas escolas, a ausência de uma concepção crítica no trabalho com Educação Ambiental, a dificuldade em integrar os conteúdos de forma interdisciplinar e a incompreensão do contexto geográfico da bacia hidrográfica na qual cada comunidade escolar está inserida. Com relação aos proponentes-gestores públicos, há necessidade de inserção do Programa enquanto política pública, o que não ocorreu até o presente momento, além de aprimoramento metodológico e maior incentivo e apoio à participação das escolas neste tipo de Programa.
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