A alteração do uso e ocupação da bacia hidrográfica, principalmente pela conversão de áreas naturais em áreas agrícolas e urbano-industriais desempenha importante influência sobre os recursos hídricos. Assim, para realizar o diagnóstico dos usos da água e seus efeitos sobre a qualidade da água da bacia do Ribeirão Ponte de Pedra (região sul de Mato Grosso), este estudo foi dividido em dois capítulos, sendo que o primeiro teve como objetivo avaliar a qualidade e disponibilidade hídrica na bacia considerando os usos da água e os reflexos da ocupação do solo. A classificação desses usos foi feita a partir de imagens Landsat-8. A caracterização hidrológica e da disponibilidade hídrica foram obtidas a partir de séries de chuva e vazão da bacia. A qualidade da água e o IQA (Índice de Qualidade da Água) foram analisados a partir de 18 parâmetros segundo a Resolução CONAMA 375/2005. A bacia apresenta extensa área de uso antrópico (75,31%), como culturas temporárias, pastagem e solo descoberto, e apenas 0,9% de cobertura florestal. O regime hidrológico apresenta marcante sazonalidade, com uma vazão outorgável de 8,26 m3.s-1, destes 31% já foram outorgados. A qualidade da água foi considerada ruim e regular em 73% das amostras, e cinco dos parâmetros estiveram em desacordo com a legislação. No segundo capitulo foi considerado que a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) pode causar diversas alterações nos ecossistemas fluviais, principalmente quando planejadas em cascata. Sendo assim, teve-se como objetivo quantificar os efeitos da operação de duas PCHs em cascata e avaliar seus efeitos isolados e acumulativos na alteração da qualidade da água do Ribeirão Ponte de Pedra. Foram utilizados 15 parâmetros de qualidade de água oriundos do monitoramento ambiental dos empreendimentos, coletados semestralmente entre os anos de 2006 e 2013. O teste de Wilcoxon mostrou que a PCH José Gelázio alterou significativamente cinco parâmetros, ocasionando um aumento de temperatura de 3%, redução de 28% da cor, 22% dos sólidos dissolvidos, 20% dos sólidos totais e 12% dos sólidos suspensos. A PCH Rondonópolis alterou significativamente, apenas dois parâmetros, reduzindo a temperatura em 3% e aumentando o pH em 1,5%. Quanto ao efeito acumulativo, os reservatórios alteraram significativamente dois parâmetros, provocando um aumento de 18% nas concentrações de fósforo total e redução de 48% nos sólidos totais. Estes efeitos são associados ao aumento da exposição da água a radiação solar e ao processo de retenção de partículas devido ao aumento do tempo de retenção hidráulica nos reservatórios. Com isso, observa-se que os efeitos acumulativos do sistema em cascata foram 15% maiores que a soma dos efeitos individuais, indicando que empreendimentos em cascata tendem a potencializar os efeitos isolados. A qualidade da água dessa bacia encontra-se em situação preocupante, fazendo necessárias medidas de controle para garantir os usos múltiplos e a qualidade ambiental.
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