Dentro da classe de contaminantes emergentes estão os estrógenos (hormônios sexuais femininos), que são compostos orgânicos hidrofóbicos e de baixa volatilidade, encontrados no meio aquático nas formas naturais (17?-estradiol (E2), estriol (E3), estrona (E1)) e/ou sintéticas (17?-etinilestradiol (EE2)) utilizados na composição de medicamentos contraceptivos. Por ser um campo recente de pesquisa, há poucos trabalhos nacionais publicados abordando o monitoramento desses contaminantes em águas naturais, não havendo ainda uma legislação específica que regulamente a emissão de hormônios no ambiente ou que estabeleça limite máximo para tais compostos. As fontes de contaminação incluem a urina excretada por seres humanos e mamíferos em águas residuais, podendo ser encontrados em água superficial, esgoto doméstico, efluentes, carne, leite e seus derivados. Devido à complexidade das matrizes ambientais (fisiologicamente ativas) e pelas concentrações muito baixas de estrógenos encontradas, para o monitoramento ambiental, é necessário utilizar metodologias analíticas sensíveis e seletivas e que, em geral, compreendem procedimentos longos e trabalhosos. Os métodos reportados na literatura consistem na extração dos analitos da matriz, seguida ou não de derivatização, com identificação e quantificação por cromatografia. Quanto aos métodos de extração, a extração em fase sólida com diferentes adsorventes é a mais utilizada devido ao elevado fator de concentração que esta técnica permite. Entretanto, outros procedimentos de extração têm sido reportados. As técnicas como micro-extração em fase sólida ou líquida e extração em barra de agitação ou ainda uso de nanopartículas como fase sólida foram relatadas apresentando como vantagem a facilidade de uso e baixa manipulação da amostra bem como a menor produção de resíduos. A derivatização dos analitos é necessária quando a cromatografia a gás é utilizada devido à baixa volatilidade e aos grupos hidroxila que causam encaudamento dos picos. A sililação com diferentes agentes derivatizantes é a reação mais utilizada, mas diversos autores reportam problemas tais como reação incompleta e formação de sub-produtos durante o processo de sililação que devem ser cuidadosamente controlados. Com relação às técnicas cromatográficas tanto a cromatografia a gás como a líquido acoplada a espectrometria de massas são as mais utilizadas. A cromatografia a gás, apesar de requerer a derivatização, tem a vantagem de ter maior capacidade de resolução e elevada sensibilidade. Por outro lado, o surgimento de equipamentos modernos de cromatografia líquida de ultra-performance acoplada a espectrometria em tandem permitiu atingir baixos limites de detecção também com essa técnica. Entretanto o elevado custo destes equipamentos ainda é um fator limitante para sua utilização. Destaca-se assim a necessidade de desenvolvimento de técnicas sensíveis e de baixo custo para permitir o monitoramento contínuo destes hormônios.
Dissertações