Este estudo teve por objetivo identificar e quantificar o impacto do uso consuntivo de água para irrigação no regime hidrológico na Bacia Hidrográfica do Alto rio das Mortes, estado de Mato Grosso, Brasil. Para isso, a série histórica de vazões diárias do exutório da bacia (1970 à 2012) foi divida em duas séries, natural (sem efeito da irrigação) e alterada (com efeito da irrigação). A identificação do limiar de separação entre regime natural e alterada foi feita pelo Teste de Pettitt, que apresenta a data onde houve mudança da tendência temporal da série. 31 parâmetros hidrológicos anuais de cada série foram extraídas com o auxílio do programa “Indicadores de Alteração Hidrológica”. O teste não paramétrico de Kruskall-Wallis foi utilizado para identificar quais parâmetros apresentaram diferenças significativas entre as séries. Para a realização deste teste, foram desconsideração anos climaticamente atípicos. A magnitude das alterações foi calculada pela diferença percentual entre as médias. O levantamento dos atos de outorgas mostraram que a irrigação foi a maior usuária do recurso hídrico na região, representando 79% da demanda hídrica da bacia. O teste de Pettitt identificou que no ano de 2004 houve uma quebra da tendência da série temporal, com redução das vazões mínimas, comprovando o efeito da captação de água para irrigação. A captação de água alterou significativamente 12 dos 31 parâmetros hidrológicos, com redução de seus valores em relação à condição natural, principalmente dos parâmetros representativos do período de estiagem (vazão dos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro e as vazões mínimas de 1, 3, 7 e 30 e 90 dias). A combinação deste conjunto de técnicas mostrou ser eficiente para identificação quantitativa dos impactos causados pela irrigação, permitindo um novo olhar de gestão e manejo de sistemas fluviais.
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