O Projeto Assentamento Gamaliel (PAG) compreende uma área de aproximadamente 2,46 km2, localizado na zona rural do município de Cuiabá-MT, próximo ao bairro Altos da Glória. Em 2008, foram assentadas 175 famílias em lotes de 1,2 ha, onde abastecimento público de água é efetuado somente por poços tubulares. O crescimento demográfico urbano avança em direção ao assentamento, podendo trazer num futuro próximo impactos na qualidade e quantidade da água subterrânea no PAG. Diante dessa situação, este trabalho teve por objetivo principal realizar um estudo hidroquímico destas águas a partir de campanhas de campo e laboratório, caracterizando propriedades físicas e químicas dos recursos hídricos subterrâneos na localidade. As amostras foram coletas e analisadas entre maio e junho de 2015, e seguindo metodologia de analise do Standard Methods for the Examination of Water and Wastwater (2012) determinou-se cálcio, potássio, sódio, magnésio e ferro por espectrometria ótica de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES), cloreto, nitrato e sulfato por cromatrografia iônica (IC), alcalinidade total por titulometria, e pH, condutividade elétrica e temperatura medidos em sonda multiparâmetro. Os dados foram tratados estatisticamente com auxílio do programa IBM® SPSS Statistics v. 24.0 e analise hidroquímica com ajuda do programa Qualigraf® v. 1.17. Os resultados mostraram águas quimicamente semelhantes, com sete amostras classificadas como águas bicarbonatadas magnesianas e uma como bicarbonatada cálcica, hipotermais, neutras a alcalinas, com médio teor de cálcio e magnésio, o que reflete a geologia do Grupo Cuiabá, sendo também isentas de ferro, apesar da ocorrência de piritas na região. São de boa qualidade para consumo humano, agricultura e pecuária.
Categoria: Dissertações
Diagnóstico dos usos da água e do solo na bacia do Ribeirão Ponte de Pedra (Mato Grosso) e seus efeitos sobre a qualidade da água
A alteração do uso e ocupação da bacia hidrográfica, principalmente pela conversão de áreas naturais em áreas agrícolas e urbano-industriais desempenha importante influência sobre os recursos hídricos. Assim, para realizar o diagnóstico dos usos da água e seus efeitos sobre a qualidade da água da bacia do Ribeirão Ponte de Pedra (região sul de Mato Grosso), este estudo foi dividido em dois capítulos, sendo que o primeiro teve como objetivo avaliar a qualidade e disponibilidade hídrica na bacia considerando os usos da água e os reflexos da ocupação do solo. A classificação desses usos foi feita a partir de imagens Landsat-8. A caracterização hidrológica e da disponibilidade hídrica foram obtidas a partir de séries de chuva e vazão da bacia. A qualidade da água e o IQA (Índice de Qualidade da Água) foram analisados a partir de 18 parâmetros segundo a Resolução CONAMA 375/2005. A bacia apresenta extensa área de uso antrópico (75,31%), como culturas temporárias, pastagem e solo descoberto, e apenas 0,9% de cobertura florestal. O regime hidrológico apresenta marcante sazonalidade, com uma vazão outorgável de 8,26 m3.s-1, destes 31% já foram outorgados. A qualidade da água foi considerada ruim e regular em 73% das amostras, e cinco dos parâmetros estiveram em desacordo com a legislação. No segundo capitulo foi considerado que a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) pode causar diversas alterações nos ecossistemas fluviais, principalmente quando planejadas em cascata. Sendo assim, teve-se como objetivo quantificar os efeitos da operação de duas PCHs em cascata e avaliar seus efeitos isolados e acumulativos na alteração da qualidade da água do Ribeirão Ponte de Pedra. Foram utilizados 15 parâmetros de qualidade de água oriundos do monitoramento ambiental dos empreendimentos, coletados semestralmente entre os anos de 2006 e 2013. O teste de Wilcoxon mostrou que a PCH José Gelázio alterou significativamente cinco parâmetros, ocasionando um aumento de temperatura de 3%, redução de 28% da cor, 22% dos sólidos dissolvidos, 20% dos sólidos totais e 12% dos sólidos suspensos. A PCH Rondonópolis alterou significativamente, apenas dois parâmetros, reduzindo a temperatura em 3% e aumentando o pH em 1,5%. Quanto ao efeito acumulativo, os reservatórios alteraram significativamente dois parâmetros, provocando um aumento de 18% nas concentrações de fósforo total e redução de 48% nos sólidos totais. Estes efeitos são associados ao aumento da exposição da água a radiação solar e ao processo de retenção de partículas devido ao aumento do tempo de retenção hidráulica nos reservatórios. Com isso, observa-se que os efeitos acumulativos do sistema em cascata foram 15% maiores que a soma dos efeitos individuais, indicando que empreendimentos em cascata tendem a potencializar os efeitos isolados. A qualidade da água dessa bacia encontra-se em situação preocupante, fazendo necessárias medidas de controle para garantir os usos múltiplos e a qualidade ambiental.
Eficiência da gramínea Paspalum notatum Flügge (Poaceae) para proteção e conservação de taludes em aterro sanitário industrial
O Aterro de Disposição de Resíduos Sólidos Industriais (ADRSI) é concebido através de projetos que visam o tratamento e destinação dos resíduos industriais. Dentre os problemas enfrentados pelos gestores destes locais estão a conservação dos taludes formados através da disposição dos resíduos e do material inerte, os quais estão sujeitos às condições climáticas, físicas, e ambientais, além do controle da emissão de gases como CO2 e CH4 nesses locais. Atualmente, estratégias de revegetação têm sido amplamente utilizadas como solução desses problemas, pois possibilitam a conservação da área degradada, a melhoria na estética e conforto térmico. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento da espécie Paspalum notatum Flugge, da família Poaceae, como agente de proteção e conservação das camadas de taludes de um Aterro de Resíduos Sólidos Industriais, visando a adequação destes às exigências técnicas e legais. A pesquisa desenvolveu-se in situ, através de células de 26m2 (13x2m), delimitados em áreas com presença e ausência das gramíneas. Foram realizadas coletas de solo da camada de cobertura dos taludes, as quais foram submetidas a análises físicas e químicas com fins de caracterização. Quanto às coletas das espécies vegetais, foram determinados parâmetros como número de folhas, tamanho de raiz e parte aérea, bem como a massa seca com fins de avaliação de crescimento e eficiência na retenção de partículas de solo. Também houveram coletas do sedimento carreado através da precipitação, que auxiliaram na determinação do volume total escoado em cada parcela, da concentração de sedimentos, através de análises granulométricas, e da contribuição da vegetação para evitar a perda do solo. As análises do solo demostraram a sua homogeneidade, sendo ele caracterizado como areno-argiloso em ambas as células, mas com permeabilidade 1,0×10-6 cm/s na área com gramínea e 1,1×10-6 cm/s na célula com gramínea. As análises químicas revelaram um aumento na fertilidade do solo revegetado, com aumento de macro e micronutrientes e nos valores de trocas catiônicas, saturação de bases e saturação por alumínio. A temperatura sofreu um decréscimo de até 3°C com a implantação da espécie e, da mesma forma, a umidade do solo na presença da grama está sempre superior (8,56%) do que na área sem grama (4%). Na caracterização da vegetação, verificou-se que a parte aérea e as raízes da espécie P. notatum cresceram ao longo das amostragens, bem com sua massa seca, que aumentou em até 83% ao longo das coletas. Em relação à perda de solo pode-se inferir que a espécie foi eficaz na retenção de solo carreado pela precipitação, retendo uma média de 82% do sedimento nas áreas plantadas. Houve também a mudança da composição granulométrica do sedimento, que na área sem grama compõe-se de partículas mais finas como silte e argila, e na área com grama constitui-se de areia média e fina.
Educação ambiental e gestão de recursos hídricos: percepção de comunidades escolares da margem da bacia hidrográfica do rio Cuiabá, Várzea Grande – MT
O Objetivo desse estudo foi investigar a percepção acerca da educação ambiental e recursos hídricos de comunidades escolares na bacia hidrográfica do Rio Cuiabá, as unidades escolares públicas estão situadas na área urbana e área rural do município de Várzea Grande – Mato Grosso- ambas na calha do rio. A água de consumo humano dentro dessas instituições escolares públicas foi analisada. A metodologia utilizada quali-qualitativa, a pesquisa qualitativa se deu através de questionários abertos antes e depois da oficina, nas oficinas foi apresentado e entregue um guia pedagógico sobre água, criado especificamente para a pesquisa em campo; A coleta de água em pontos: cavalete, bebedouro, torneira da pia da cozinha e caixa da água (armazenamento). Foi utilizada como técnica a determinação do Número Mais Provável (NMP/100mL) de coliformes Totais e Escherichia coli utilizando meio de cultura enzimático (Cromogênico e Fluorogênico da marca Colitag®); Análises de bactérias heterotróficas e parâmetros físicos e químicos: temperatura, pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e turbidez. Os achados da pesquisa qualitativa indicam que a propostas da Teoria da Aprendizagem é vigente, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar as ideias já existentes na estrutura mental e, com isso, ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos, principalmente acerca do tema de educação ambiental e gestão de recursos hídricos propostos na pesquisa. A pesquisa quantitativa aponta contaminação no percurso das tubulações; Os dados microbiológicos estão acima do permitido pela legislação vigente, Portaria M.S. 2914/2007. Concluímos que o monitoramento da água para consumo humano, assim como as estruturais físicas prediais de escolas públicas devem ser monitoradas por órgãos competentes pautados em cronogramas fixos e transparentes, visando atender a saúde pública dos estudantes, prevenindo doenças por veiculação hídrica.
Fitoplâncton como bioindicador da qualidade ambiental: subsídios a gestão de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Coxipó
É cada vez mais importante o estudo das cianobactérias, por serem organismos adaptados a ambientes eutrofizados, capazes de formar florações e produzir cianotoxinas que podem gerar sérios riscos à saúde humana e comprometer os usos múltiplos da água. A bacia hidrográfica do do rio Coxipó (BHC) ainda carece de estudos limnológicos que incluam desde a sua nascente, no município de Chapada dos Guimarães, até a sua foz na área urbana de Cuiabá, onde deságua no rio Cuiabá, um dos mais importantes rios formadores da planície do Pantanal. O objetivo dessa pesquisa foi analisar a dinâmica populacional temporal e espacial, biovolume e a densidade de Planktothrix agardhii e suas correlações com as variáveis abióticas, em nove estações de amostragem na BHC, com área de drenagem de cerca de 678 km². Foram realizadas quatro amostragens ao longo de um ano: auge da estiagem (agosto de 2013) início das chuvas (outubro de 2013), auge da chuva (março de 2014), e início da estiagem (junho de 2014). As coletas quali-quantitativas do fitoplâncton foram realizadas com o frasco de polietileno na sub-superfície da água (cerca de 20 cm de profundidade), preservada com solução de lugol acético 1% (0,5 ml). Foram medidas as seguintes variáveis abióticas: pH, nitrato, temperatura do ar, pH, fósforo total, condutividade elétrica e nitrogênio amoniacal. Os pontos com maiores concentrações de nutrientes apresentaram as maiores densidades da população de P.agardhii em todos os períodos amostrados. A densidade foi maior no ponto 8 em outubro/2013, com 6.163 ind.ml-1, e em março/2014, com 1.949 ind.ml-1. Esse ponto está localizado na área urbana de Cuiabá e recebe grande aporte de matéria orgânica, favorecendo o desenvolvimento da espécie. O biovolume da população de P.agardhii apresentou maiores resultados em outubro 18,48 mm³/L. As análises diacríticas da espécie indicaram que em março os filamentos eram mais longos, 12,8 e 277,7 ?m, e no mês de junho mais curtos, 4,48 e 198,6 ?m. Hormogônia e caliptra foram registradas nos quatro meses e em todos os pontos de amostragem. Ao longo da pesquisa foi possível evidenciar uma variação espacial na densidade de P. aghardii, condicionada pela concentração de nutrientes, um maior biovolume no início da época de chuvas no ponto 8, e uma variação morfológica, com maiores filamentos também nesta época. Evidenciou-se ainda que os rios localizados no perímento urbano apresentaram sinais de alerta quanto conservação, devido ao uso da água para a diluição de efluentes domésticos, com consequente proliferação de P. aghardii. No tocante a gestão ambiental são necessárias ações com medidas corretivas e também medidas preventivas afim de evitar a degradação desse recurso hídrico que atende a diversos usos da população. Este estudo indicou a necessidade de maior controle pelos órgãos de saúde e meio ambiente, tendo em vista a toxicidade desta alga e os usos da água para abastecimento público e balneabilidade. Esse é o primeiro trabalho ecológico de P. agardhii no estado de Mato Grosso.
Educação Ambiental nas Escolas de Mato Grosso: Avaliação do Programa Vamos Cuidar do Brasil com Ênfase no Tema Água
Este trabalho constituiu-se a partir de um diagnóstico sobre a Educação Ambiental formal em Mato Grosso, através da análise de projetos elaborados por escolas que participaram da IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (IV CNIJMA), com ênfase no tema água. Esta Conferência ocorreu em 2013, e envolveu quatro subtemas para serem discutidos nas escolas: água, terra, fogo e ar. A análise envolveu aspectos quantitativos e qualitativos dos projetos, além de entrevistas com gestores, professores, alunos e questionários enviados por e-mail para as escolas participantes. Com isso foi possível realizar uma análise crítica sobre a educação ambiental formal em Mato Grosso. A proposta da Conferência mostrou-se adequada, uma vez que propiciou aos jovens um momento dialógico onde a reflexão e o protagonismo devem estar presentes através da constituição das Com-Vidas que partem da concepção freireana dos Círculos de Aprendizagem e Cultura. Contudo, a análise dos projetos revela que essa percepção ainda é incipiente no cotidiano escolar, sendo necessário ampliar a divulgação e o acompanhamento das propostas conceituais sugeridas pela Conferência. No Mato Grosso, esta dificuldade pode estar associada a diversos fatores, entre eles o próprio contexto histórico de ocupação do Estado, vinculado a hegemonia do agronegócio e sua influência sob aspectos políticos e econômicos além da própria ineficiência educacional. Dentre as escolas de Mato Grosso que participaram da IV CNIJMA, 29,5% são públicas estaduais, 68%, são públicas municipais e 2,5% pertencem a rede privada. A maior parte delas está localizada na zona urbana, correspondendo a 63,1% do total. Já dos 36,9% de escolas que estão na zona rural, 22,2% são escolas de assentamento, 6,7% de escolas indígenas, 4,4% de escolas quilombolas. A princípio, a análise dos projetos revelou que apenas 49,2% das escolas identificaram o subtema escolhido em seus projetos. Foi possível estabelecer o subtema de 82% dos projetos inscritos, onde 58% correspondiam ao subtema terra, 36% a água, 4% ao fogo e 2% ar. Constou-se nesta pesquisa, por parte dos executores dos projetos nas escolas, a ausência de uma concepção crítica no trabalho com Educação Ambiental, a dificuldade em integrar os conteúdos de forma interdisciplinar e a incompreensão do contexto geográfico da bacia hidrográfica na qual cada comunidade escolar está inserida. Com relação aos proponentes-gestores públicos, há necessidade de inserção do Programa enquanto política pública, o que não ocorreu até o presente momento, além de aprimoramento metodológico e maior incentivo e apoio à participação das escolas neste tipo de Programa.
Diagnóstico ambiental da microbacia do córrego Águas Claras, Juscimeira, MT, voltado à educação ambiental
Os diferentes ambientes de uma bacia hidrográfica constituem unidades ideais para pesquisa, planejamento, gestão e análise de problemas ambientais, assim como no desenvolvimento de projetos interdisciplinares e de ensino. Neste pressuposto, este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico da microbacia do Córrego Águas Claras, com enfoque no método VERAH, e aplicar essa proposta com um grupo de alunos da escola estadual João Matheus Barbosa. O diagnóstico e avaliação ambiental da microbacia foram realizados por meio de metodologias específicas para os temas: Vegetação, Erosão, Resíduos, Água e Habitação. Para análise da vegetação e habitação foram elaborados mapas de uso do solo e cobertura vegetal e de Área de Preservação Permanente, complementando os dados cartográficos com levantamentos de campo. Os processos erosivos foram interpretados com a aplicação da abordagem morfopedológica, que permite a análise do ambiente de maneira integrada (envolvendo os aspectos da litologia, relevo, solo e cobertura vegetal) e sua compartimentação cartográfica, apoiada no comportamento hídrico das vertentes. Foram realizadas pesquisas de campo e entrevistas com a população urbana e moradores rurais para caracterização dos tipos de resíduos acumulados na microbacia e identificação de locais de despejo de lixo e efluentes domésticos. A qualidade da água foi estimada mediante análises físicas, químicas e microbiológicas de treze parâmetros, medição da vazão e avaliação do Índice de Qualidade da Água – IQA. Constatou-se que 84 %, da microbacia é ocupada por atividades de pastagem e cultura temporária, em que não são adotadas práticas conservacionistas de manejo e conservação dos solos; 0,7 % por cultura permanente, constituída por fruticultura de jabuticaba; 11,8 % por área urbana, onde o uso do solo ocorre de forma desorganizada com redução da cobertura vegetal, aumento da taxa de impermeabilização, deficiências de infraestrutura pública, carência de políticas públicas e conivência dos poderes executivo e legislativo com atos indevidos da população; e apenas 3,5 % da microbacia correspondem a coberturas naturais do solo, compostas de áreas de vegetação original ou secundária nativa, restantes nas escarpas e encostas dos morrotes e nas margens dos cursos d’água, em que, sem considerar as APPs das nascentes que se encontram em processo de descaracterização, 78 % da vegetação ciliar do córrego foi suprimida. Foi elaborado mapa morfopedológico, com delimitação cartográfica de áreas homogêneas, destacando-se oito compartimentos que apresentam média a alta suscetibilidade à erosão laminar e linear. Certificou-se a ocorrência de descarte inadequado de resíduos sólidos e efluentes domésticos gerando maus odores, atração de vetores de doenças, poluição e contaminação da água. Os dados obtidos nas análises de qualidade das águas revelam que grande parte das amostras encontrou-se acima dos limites estabelecidos pela Resolução nº 357 do CONAMA. Das nove variáveis analisadas que possuem limites estabelecidos pela referida Lei, seis obtiveram resultados acima do determinado (E. coli – 80%; cor – 83%; pH – 50%; fósforo – 41%; DBO – 30% e OD – 8%). Apenas as amostras dos parâmetros de turbidez, nitrato e sólidos encontraram-se dentro dos padrões exigidos. A determinação do IQA conferiu a qualidade da água entre razoável (25 %) e ruim (75 %), com redução de montante para jusante no curso d’água. As atividades de educação ambiental foram realizadas com envolvimento, interesse e participação de praticamente todos os alunos, que, por meio da observação e análise do espaço vivido por eles, articularam teoria e prática, identificaram e avaliaram alterações existentes na microbacia, demonstrando amadurecimento no decorrer do trabalho, o que favoreceu a ampliação do conhecimento, desenvolvimento do espírito crítico e mudanças de atitude. Os resultados demonstraram que os problemas diagnosticados estão relacionados à falta de planejamento e carência de conhecimento por parte dos moradores, e mesmo do poder público, sendo necessária a elaboração de um Plano de Gestão da microbacia que englobe atividades participativas de educação ambiental, programas de saneamento básico, monitoramento da qualidade da água, controle de erosão e assoreamentos, recuperação da vegetação ciliar, disciplinamento do uso do solo urbano, visando à preservação dos ecossistemas existentes e melhoria das condições socioambientais da microbacia.
Proposta de Regulamentação do Enquadramento dos Corpos de Água do Estado de Mato Grosso: Subsídios à Gestão dos Recursos Hídricos
A Política Estadual de Recursos Hídricos é definida pela Lei nº 6.945 de 1997, e está em estrita consonância com a Política Nacional, primando pela gestão integrada, descentralizada e participativa, onde os instrumentos de gestão: o Plano Estadual de Recursos Hídricos; o Enquadramento dos Corpos de Água em Classes; a Outorga do Direito de Uso dos Recursos Hídricos; o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos; e a Cobrança pelo uso dos Recursos Hídricos e a estrutura do sistema formado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CEHIDRO), pelo Órgão Coordenador/Gestor a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e pelos Comitês de Bacia Hidrográficas (CBH), com a mesma lógica, guardando as esferas de atribuição. O enquadramento é o estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser alcançado e/ou mantido em um segmento do corpo hídrico ao longo do tempo, que permite a integração entre a política ambiental e de recursos hídricos, norteando as ações de desenvolvimento do Estado. Este trabalho foi desenvolvido utilizando as principais leis nacionais como o tema proposto “enquadramento”, sendo elas: a Lei nº 9.433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Resolução CONAMA 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, a Resolução CONAMA 396/2008 que dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e a Resolução CNRH 91/2008, que dispõe sobre procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos. Quanto aos Estados, a forma de desenvolver os trabalhos também foi o levantamento das legislações com o foco no enquadramento, sendo os 10 Estados escolhidos: Alagoas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Esta escolha foi em função da publicação pela Agência Nacional de Águas – ANA do livro Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil de 2009, onde mencionava que estes foram os primeiros estados brasileiros a trabalharem com o enquadramento. O Instrumento enquadramento possibilitará que o Estado consiga realizar o gerenciamento das águas de forma a evitar futuros conflitos, quebrando o paradigma de só agir quando o problema já é real. Como produto serão apresentadas 2 (duas) propostas de lei, um Decreto Governamental regulamentando o instrumento de gestão e uma Resolução para o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, definindo os procedimentos a serem seguidos para efetivação no Estado. A tramitação será por meio da Superintendência de Recursos Hídricos, que exerce a função de Órgão Coordenador/Gestor e Secretaria Executiva do CEHIDRO. Sua aprovação e publicação auxiliará o órgão ambiental para a tomada de decisões, permitindo ações preventivas de combate à poluição.
Nova abordagem para preencher falhas de dados de séries temporais de precipitação
Este estudo mostra como o modelo matemático de Análise de Espectro Singular (Singular Spectrum Analysis – SSA) pode ser utilizado para preencher falha de dados de séries históricas de precipitação acumulada mensal. Foram preenchidas falhas de 18 séries de estações pluviométricas localizadas na bacia hidrográfica do Alto Médio Rio Cuiabá. Os resultados mostraram que a magnitude de todos os valores estimados pelo método SSA não ultrapassaram os valores mínimos e máximos medidos nos mesmos períodos. A análise de variância das equações de regressão linear entre os registros das séries originais preenchidas e os valores estimados pelo método SSA serviram de métrica para validar o preenchimento das falhas de dados. O método preserva as características naturais da dinâmica do regime de chuva de cada estação e pode ser utilizado para recuperar registros faltantes, e assim maximizar a qualidade da informação contida em cada série preenchida.
Dinâmica da inundação em fitofisionomias do pantanal mato-grossense
No Pantanal mato-grossense, a variação anual do nível de água, as diferenças do regime hidrológico, as variações da topografia e do tipo de solo proporcionam, além das áreas não inundáveis, zonas permanente, periodicamente e raramente inundadas. Neste contexto, estudos sobre a dinâmica do nível e da área de inundação, bem como dos fatores que a influenciam, como a precipitação e as características físicos e físico-hídricas do solo, podem subsidiar ações de restauração, conservação e gestão das planícies de inundação. Este trabalho teve como objetivo modelar a dinâmica da inundação em fitofisionomias do Pantanal mato-grossense, correlacionar a variação da inundação e do nível freático com a precipitação e as características físicos e físico-hídricas do solo. A pesquisa foi realizada em uma área de Cordilheira e quatro de Cambarás, todas localizadas na RPPN SESC Pantanal, Barão de Melgaço, MT, Brasil. Foi monitorado o nível freático ao longo de dois anos hidrológicos, quantificada a área inundada e realizada a descrição da relação existente do nível e área de inundação dos locais estudados com o nível de água do Rio Cuiabá. Além disto, por meio da análise de componentes principais e de correlação, foi verificada a relação da variação do nível de inundação e do nível freático com a precipitação e atributos físicos e físico – hídricos do solo. A partir de 1,36 m, o nível de água do Rio Cuiabá é fator determinante da intensidade e da duração da inundação. Foram obtidos modelos de regressão linear que, para o intervalo de 1,36 a 4,61 metros de nível de água do Rio Cuiabá, permitem estimar o nível freático, o nível de inundação e a área inundada. Foi verificado que a diferença da variação do nível de inundação entre as unidades de estudo está associada aos atributos físicos e físico-hídricos até a profundidade de 80 cm do solo, assim como a diferença da variação do nível freático, porém este último a partir de 80 cm de profundidade. No período de enchente, até a profundidade de 40 cm, a precipitação exerceu influência positiva sobre o processo de umedecimento do solo, sendo um indicativo de que a precipitação é fator determinante para o início do pulso de inundação das unidades de estudo.
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