O Pantanal de Poconé é uma das subdivisões do Pantanal Matogrossense, que está localizado no centro-oeste do Brasil e constitui-se na maior planície inundável do Planeta. A Bacia do Pantanal foi formada pela ação da Orogenia Andina e, na verdade, é uma bacia tectonicamente ativa, preenchida por sedimentos do Neógeno e do Quaternário, depositados diretamente sobre rochas Pré-Cambrianas. Este trabalho tem como o objetivo ampliar os conhecimentos acerca do Aquífero Pantanal. Foi realizado um levantamento elétrico, usando a técnica de Sondagem Elétrica Vertical (SEV), para melhor conhecer as características físicas do aquífero, como espessura e composição das camadas sedimentares, de modo a aprimorar o conhecimento sobre o potencial hídrico subterrâneo. Além da Prospecção Geofísica, foram coletadas algumas amostras de solos e, com as medições do nível freático, foi calculada a estimativa de recarga natural desse aquífero pelo método da Variação do Nível Estático da Água (VNA). De uma maneira geral, encontrou-se o embasamento da bacia nas primeiras SEVs, porém, na maioria das sondagens, o embasamento estava profundo demais para ser detectado por esta técnica. O pacote sedimentar da Formação Pantanal apresenta variações entre interfaces argilosas e arenosas, e chega a ter mais de 600 metros de espessura. Foram detectadas várias falhas normais, indicando ação da tectônica responsável pela atual subsidência da bacia. A estimativa de recarga indicou alto valor de infiltração, decorrente de solos com alta porosidade e permeabilidade.
Categoria: Dissertações
Determinação da vazão de escoamento superficial na situação atual de urbanização na microbacia do córrego do Barbado, Cuiabá-MT
A urbanização é um processo que acarreta diversas complicações para as cidades, como alagamentos, enchentes e inundações. Estes problemas são recorrentes em zonas urbanas e causam inúmeros prejuízos tanto para a população quanto para o poder público. Dessa maneira a realização de estudos sobre as alterações na dinâmica hidrológica no espaço urbano subsidia a elaboração de soluções para essa questão. Assim este trabalho tem como objetivo determinar a vazão de escoamento superficial bem como reproduzir os hidrogramas de projeto para o solo seco e úmido na situação atual de urbanização na microbacia do Córrego do Barbado. A metodologia utilizada neste trabalho foi avaliação ambiental pelo método VERAH onde se abordou os temas vegetação, erosão, resíduos sólidos, água e habitação. E a reprodução da vazão de escoamento superficial e dos hidrogramas de projeto da bacia com aplicação do método Soil Convervation Service (SCS). Os resultados mostram que o córrego do Barbado sofre com diversos problemas como: escassez de área verde na microbacia; o alto índice de urbanização, a ineficiência ou inexistência dos sistemas coletores de águas pluviais, etc., tendo influência direta no comportamento hidrológico da bacia contribuindo para as ocorrências de alagamentos de inundações no trecho do córrego da Avenida Fernando Correa da Costa. Os valores reproduzidos dos hidrogramas de projeto da bacia para os tempos de retorno de 5, 10, 20,50 e 100 anos resultou em 44,47 m3/s, 52,73 m3/s, 62,36 m3/s, 77,01 m3/s,81,78 m3/s para solo seco e 88,99 m3/s, 100,80 m3/s, 107,32 m3/s, 133,71 m3/s, 148,77 m3/s,para solo úmido respectivamente. Desta maneira pode-se concluir que este trabalho possui dados para subsidiar ações de gestão e planejamento para solucionar os problemas de drenagem pluvial recorrentes na bacia, o estudo também apontou que ocupação urbana impacta a qualidade ambiental da bacia e também a dinâmica hidrológica do Córrego do Barbado.
Avaliação dos impactos da urbanização na microbacia do córrego Traíra, Várzea Grande-MT
Este trabalho teve por objetivo realizar o diagnóstico ambiental da microbacia do córrego Traíra e propor medidas de solução para os problemas ambientais que foram diagnosticados. A área de estudo é a microbacia do córrego Traíra que está inserida na área urbana do município de Várzea Grande, do estado de Mato Grosso. O diagnóstico foi feito através do método VERAH e abrangeu as áreas de vegetação, erosão, resíduos sólidos, água e habitação. O escopo metodológico incluiu a) caracterização da vegetação da microbacia; b) classificação da suscetibilidade a erosão do solo da microbacia; c) diagnóstico da situação dos resíduos sólidos na microbacia; d) avaliação da qualidade da água do córrego Traíra e; e) caracterização da infraestrutura das habitações presentes na microbacia. De forma geral, a população carece dos serviços básicos do saneamento, como serviços de coleta e tratamento de esgoto, sistema de drenagem de águas pluviais, coleta eficiente de resíduos sólidos e abastecimento público eficiente. Por conta do processo de urbanização sem o correto planejamento, a área de APP do córrego não está totalmente preservada, existindo pontos com supressão de vegetação nativa e erosão do solo.
Aplicação do método VERAH como ferramenta de Educação Ambiental no ensino médio em uma microbacia urbana do município de Várzea Grande MT
A questão ambiental, quando abordada na escola, deve partir de práticas interdisciplinares e relacionadas a realidade ambiental da comunidade escolar. Mediante as discussões sobre os métodos e procedimentos para a Educação Ambiental foi desenvolvido o método VERAH (V-Vegetação; E-Erosão; R-Resíduos; A-Água; H-Habitação) de investigação ambiental. Este propõe a realização de um diagnóstico ambiental simplificado, com base na pesquisa-ação, que serve como instrumento de EA envolvendo alunos e professores nas escolas, de maneiras interdisciplinar. Neste sentido, o presente estudo objetivou propiciar aos alunos do ensino médio, da Escola Estadual Ernandy M. Baracat no município de Várzea Grande (MT), um conhecimento integrado dos aspectos sociais e ambientais da microbacia urbana em que estão inseridos, possibilitando uma reflexão sobre as causas e consequências dos problemas observados e apontando alternativas para a solução dos problemas detectados, através do método VERAH e do desenvolvimento de atividades embasadas nos princípios da pesquisa-ação. Este trabalho foi realizado em quatro etapas: Etapa 1: Reconhecimento da microbacia pelos professores da escola, aplicação de um questionário para avaliação do conhecimento prévio dos alunos, aulas relacionadas aos conceitos e dinâmica da bacia hidrográfica e formação dos grupos de trabalho (alunos e professores) para cada tópico do método VERAH. Etapa 2: Vivência em campo: reconhecimento da microbacia pelos alunos, com discussão dos problemas ambientais, entrevistas com moradores antigos quanto a reconstrução da história do local. Nas segunda e terceira vivências de campo realizou-se a investigação pelos cinco temas do método: Vegetação-identificação dos tipos de vegetação e das áreas de preservação permanente, conservadas ou degradadas; Erosão- reconhecimento do limite da microbacia e mapeamento dos processos erosivos com a dinâmica da bacia; Resíduos Sólidos: foram mapeados os principais locais geradores e de disposição de lixo, as causas e consequências; Água: foram realizadas três coletas de água no córrego, para análise dos parâmetros indicadores de degradação; Habitação: foram aplicados de forma aleatória 10 questionários em residências do entorno da microbacia, abordando aspectos de habitação, saneamento, perfil econômico, saúde e meio ambiente. Etapa 3: Elaboração do diagnóstico: tabulação, discussão e integração dos resultados de todos os grupos e posterior divulgação para a comunidade escolar e moradores em forma de painéis, maquete e vídeo. Etapa 4: Avaliação: Foi realizada uma análise crítica do método e dos resultados obtidos, junto com professores e alunos, e geradas soluções e algumas ações que podem ser adotadas para melhoria e recuperação da microbacia. O método VERAH mostrou-se eficaz tanto no diagnóstico quanto como instrumento de EA, tornando os estudantes mais críticos e mais preocupados com os problemas ambientais de onde vivem, atendendo ao que propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais, especialmente quanto a interdisciplinaridade, uma vez que envolveu professores de várias áreas da escola de maneira integrada e participativa. Algumas adequações podem ser feitas no método, de acordo com a realidade da microbacia, como ocorreu neste trabalho quanto a reconstrução da história da ocupação pelos moradores antigos
Percepção dos atores sociais do turismo no Pantanal de Poconé/MT sobre o pulso de inundação
O Pantanal é a maior planície de inundação contínua do planeta. O ciclo periódico de seca e cheia, chamado também de pulso de inundação, é um dos fatores que rege o funcionamento e garante a manutenção da biodiversidade do Pantanal, pois ora favorece as espécies animais e vegetais relacionadas à fase de seca, ora favorece as espécies relacionadas à fase de cheia. Estas condições, aliadas à beleza cênica, são grandes atrativos à atividade turística na região. O objetivo deste trabalho foi analisar como os diferentes atores sociais do turismo percebem o pulso de inundação e como este pode influenciar esta atividade no Pantanal de Poconé. O estudo foi desenvolvido em duas etapas: o levantamento de dados em campo e o desenvolvimento textual e compilação de dados obtidos. A primeira etapa da pesquisa teve como foco a identificação dos principais grupos sociais envolvidos na atividade turística, em pousadas e hotéis ao longo das estradas de acesso do Pantanal de Poconé e também a comunidade local, que estivessem de alguma forma relacionados ao desenvolvimento de tais atividades. Essa identificação foi feita através de entrevistas gravadas, que posteriormente foram transcritas. O questionário aplicado contou com questões abertas. Nesse sentido, foram identificados, através de 37 entrevistas, os seguintes conjuntos sociais no Pantanal de Poconé atuantes no turismo: pousadeiros, turistas estrangeiros, turistas brasileiros, pescadores, agentes e guias de turismo e ribeirinhos. Ao serem questionados quanto à aplicação das leis e os principais impactos ambientais, 98% afirmam que a aplicação das leis é bastante falha, a fiscalização não supre a demanda e as campanhas realizadas pelo governo são raras. Para 60% dos entrevistados o ator mais importante atualmente no Pantanal são os próprios pousadeiros, por serem diretamente interessados na preservação e conservação dos recursos naturais. 20% apontam ainda os fazendeiros locais, pecuária extensiva, como os tomadores de decisão mais relevante da região. 10% destacam a fauna da região como principal ator do Pantanal atualmente. 70% dos participantes disseram não haver conflitos entre as partes, porém destacam que também não há nenhum tipo de cooperação. Em contrapartida, 30% afirma haver um pequeno conflito entre fazendeiros e pousadeiros quanto a onças pintadas, que quando atacam o gado são abatidas, prejudicando a disponibilidade dos animais para apreciação dos turistas. O pulso de inundação exerce forte influência sobre o aproveitamento turístico, pois rege o ciclo de vida e reprodução de diversas espécies animais que são os principais atrativos aos turistas, sendo reconhecido por todos os atores quanto a sua ocorrência e importância na região e como fator que condiciona a atividade turística sazonal.
Amostragem Instantânea e Passiva na Análise de Pesticidas em Água de Nascente do Alto Rio São Lourenço em Campo Verde – MT
O Rio São Lourenço nasce no município de Campo Verde – MT e atravessa os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, desaguando na região do Pantanal. A área de estudo sofre impacto direto da crescente atividade agropecuária e estudos anteriores mostraram a presença de pesticidas em seus corpos hídricos. Considerando os impactos ocasionados por esses compostos no meio ambiente, objetivou-se com este trabalho avaliar o processo de recuperação realizado em uma das nascentes do rio São Lourenço e seu efeito sobre a contaminação da água por pesticidas e testar, em caráter exploratório e inédito no estado, o uso da amostragem passiva em análises de água. Para tanto, amostras instantâneas de água foram coletadas durante as estações seca e chuvosa, iniciando em dezembro de 2015 e seguindo até a conclusão de uma safra agrícola (junho 2016), tendo sido cultivado na área soja, milho e algodão. Foram utilizados também amostradores passivos para coleta de amostras integradas e as análises realizadas usando métodos de extração desenvolvidos e validados no Laboratório de Análise de Resíduos de Biocidas da UFMT. A identificação e quantificação foram feitas em cromatógrafo a gás acoplado a detector de massas (GC/MS) para os pesticidas atrazina, malationa, trifluralina, metribuzim, lambda cialotrina, permetrina, metolacloro, clorpirifós, endossulfam α, β e sulfato. Os pesticidas carbendazim, carbofurano, carbosulfano, acetamiprido, tiametoxam, piraclostrobina, acetamiprido, diurom, clomazona, epoxiconazole, imidaclopride, metomil e tebuconazole foram analisados em cromatógrafo líquido acoplado a espectrometria de massas em tandem (UPLC-MS/MS). Foram coletadas 95 amostras de água, sendo 56 de água subterrânea e 39 de água superficial. Destas, 61% e 41%, respectivamente, apresentaram resíduos de pesticidas. Houve detecção de oito princípios ativos em água subterrânea e 11 em água superficial, constatando assim a vulnerabilidade da área à contaminação. O herbicida atrazina e o fungicida priraclostrobina foram detectados apenas com o uso do amostrador passivo demonstrando a relevância e utilidade desta estratégia de amostragem na medição de baixas concentrações dos pesticidas. Os pesticidas metolacloro, atrazina, malationa e trifluralina já haviam sido detectados anteriormente, comprovando o grande potencial de contaminação destes pesticidas, seja por escoamento, lixiviação ou por outra via. Dentre estes, trifluralina e malationa apresentaram concentrações acima do permitido pela legislação brasileira vigente para resíduos de pesticidas em matrizes de água. Quanto ao efeito da recuperação da vegetação sobre a contaminação pode-se afirmar que houve uma melhora significativa na contenção dos pesticidas, visto que as concentrações encontradas foram menores do que as reportadas em estudos anteriores. Entretanto, monitoramentos futuros serão importantes para se avaliar os efeitos futuros, uma vez que o processo de recuperação se consolida no longo prazo.
Estudo da diversidade de actinomicetos do sedimento de fundo do rio Cuiabá, utilizando técnicas dependentes de cultivo e biologia molecular
Os sedimentos têm grande importância em um ambiente aquático pela sua capacidade de retenção de compostos, permitindo por meio de análises específicas a compreensão dos fatores ocorridos em uma Bacia Hidrográfica. Diversos grupos bacterianos, dentre eles os Actinomicetos são responsáveis pela ciclagem dos nutrientes e pelas transformações bioquímicas ocorridas no sistema sedimentar. Os Actinomicetos constituem tema de interesse de diversas áreas do conhecimento, devido à eficiência metabólica tanto nos processos ecológicos, quanto industrial e comercial. Por isso, o objetivo deste estudo é analisar a densidade e a diversidade gênica de Actinomicetos presentes no sedimento de fundo do Rio Cuiabá, MT. O estudo foi desenvolvido no Rio Cuiabá em quatro pontos amostrais (Rosário Oeste, Passagem da Conceição, Santo Antônio de Leverger e Porto Cercado). As coletas foram feitas em perfil transversal do rio, ou seja, na margem esquerda, no meio e na margem direita nos períodos de estiagem e chuvoso. Foram efetivadas análises físicas, químicas e microbiológicas por meio de técnicas convencionais e de biologia molecular, tais como PCR e sequenciamento. O teste estatístico de Scott-Knott foi aplicado para comparação das médias entre os pontos amostrais e pontos de coleta no que se refere a densidade dos Actinomicetos. Para a análise estatística do perfil das comunidades bacterianas e da diversidade gênica foi utilizado o aplicativo Bionumerics 7.0. Em todos os pontos amostrais estudados, os resultados obtidos nas análises físicas mostraram que o sedimento, na sua maioria, é composto por frações de areia. Quanto aos resultados das análises químicas, o pH foi ácido com variações mínimas entre os pontos amostrais em todos os períodos de coletas. Os resultados obtidos para as variáveis Fósforo, Potássio e Matéria Orgânica foram mais representativos no período chuvoso. Para as análises microbiológicas, o resultado da densidade dos Actinomicetos foi maior para o período chuvoso. A diversidade e a caracterização gênica bacteriana feita por BOX-PCR e percentual de similaridade, evidenciaram estirpes 100% similares. Na análise de similaridade entre os pontos amostrais, Porto Cercado apresentou maior agrupamento com estirpes semelhantes. Houve estirpes que foram semelhantes entre si, porém de pontos amostrais e períodos de coleta distintos. A diversidade foi maior no período chuvoso, pois no período de estiagem houve 03 agrupamentos 100% similares. Quanto às 50 cepas dissimilares (<70%), constatou-se que 33 destas são do período chuvoso e desse montante 14 estirpes correspondem ao ponto amostral de Porto Cercado. O método estatístico permitiu concluir que houve efeito significativo para a interação entre os fatores: pontos amostrais, pontos de coleta e sazonalidade (p<0,05). Avaliando separadamente por pontos amostrais e período, a estatística confirma o resultado da contagem bacteriana, sendo o período chuvoso mais representativo em relação às médias da densidade bacteriana. O sequenciamento genético mostrou que as 06 estirpes apresentaram similaridade com o gênero Baccillus e para o conhecimento real da diversidade bacteriana do grupo estudado no sedimento de fundo do Rio Cuiabá, MT, recomenda-se o sequenciamento das demais estirpes.
Caracterização da qualidade da água de uma microbacia urbana e uso de biofilme como ferramenta para biomonitorar metais potencialmente tóxicos
A qualidade da água do Córrego São Gonçalo está comprometida em função do contínuo descarte de resíduos sólidos urbanos. Praticamente em toda a área estudada está sobre influência direta do processo de urbanização, com residências e empreendimentos ao redor do córrego. Este estudo teve como objetivo explorar o uso de uma nova ferramenta biológica que pode atuar como indicador de alerta precoce ao monitoramento dos metais potencialmente tóxicos no ambiente aquático. Posto isso, os biofilmes microbianos, tem se mostrado eficientes, pois respondem rapidamente a mudanças dos parâmetros ambientais. Os biofilmes são uma comunidade de microrganismos que se encontram aderida a um substrato submerso envolvido por uma matriz exopolissacarídica (EPS), composta por substâncias poliméricas extracelular. Esta matriz confere maior resistência aos biofilmes comparados a células planctônicas. Os biofilmes foram cultivados em substrato artificial, por um período de 9 dias, em dois pontos amostrais que compreendem a nascente e foz do córrego São Gonçalo, Cuiabá-MT. Foram realizadas 7 campanhas (novembro/2014 a maio/2015). Os parâmetros analisados foram os metais Al, Fe, Mg e Mn em água e biofilme, a comunidade microbiana, por meio da contagem de UFC em ambos os substratos, e também foi realizado um monitoramento das propriedades físicas e químicas da microbacia. Os resultados demonstram que a qualidade da água do córrego São Gonçalo esta comprometida, e a classificação do mesmo deve ser repensada, pois muitas variáveis ficaram fora do que preconiza a legislação CONAMA 357/05. Os biofilmes se mostraram eficientes para biomonitorar os metais, considerando a média dos valores encontrados para Al, Fe, Mg e Mn, nota-se que a maior concentração dos metais estudados ocorreu no biofilme, fato este que pode estar relacionado ao tempo de exposição do substrato no corpo hídrico e o acúmulo na matriz exopolissacarídica (EPS). Os resultados obtidos nesse estudo mostraram que não houve correlação entre os metais potencialmente tóxicos e a concentração de células planctônicas e em biofilme, com exceção do Mn da água que se correlacionou negativamente com a comunidade microbiana do biofilme (-0,52). No entanto o estudo confirma que os biofilmes tem grande potencial para ser utilizado como indicador biológico, pois foram eficientes na detecção dos metais. Recomenda-se o monitoramento efetivo e contínuo da qualidade da água do córrego, para dar subsidio a classificação transitória do mesmo.
Avaliação da vulnerabilidade e perigo à contaminação do aquifero Utiariti usando o método SI
A água subterrânea é a principal fonte para o abastecimento público e a manutenção das atividades econômicas no município de Sinop-MT. O Aquífero Utiariti, caracterizado como do tipo livre em meio poroso, é susceptível à contaminação por ter o nível d’água raso e alta condutividade hidráulica e, portanto, pode ser facilmente alcançado por cargas poluentes. Além disso, a região é marcada pelo precário quadro de saneamento básico, no qual, o esgoto doméstico é lançado em fossas negras, e consequentemente, torna-se uma das principais fontes de contaminação para a água subterrânea. Diante deste cenário, o objetivo desse trabalho foi avaliar a vulnerabilidade à contaminação do Aquífero Utiariti na região de Sinop, usando o método SI (Índice de Susceptibilidade). Os resultados obtidos pelo método SI indicaram que a região possui vulnerabilidade à contaminação moderada a alta. A classe de vulnerabilidade moderada ocorre em 70% da área e indica que nestes locais somente alguns contaminantes podem atingir a zona saturada do aquífero quando lançados continuamente. Os parâmetros mais significativos na determinação desta vulnerabilidade foram: a profundidade da água (D) e o tipo de uso e ocupação do solo (LU). A vulnerabilidade alta ocorre em 30 % da área, e indica que estes locais são vulneráveis a muitos contaminantes, exceto aqueles que podem ser absorvidos ou transformados na zona não saturada. Portanto, recomendam-se medidas preventivas para a proteção do Aquífero Utiariti, tais como o monitoramento da qualidade da água e orientação para o uso e ocupação do solo.
Dinâmica do carbono orgânico total no rio Cuiabá – Mato Grosso
Estudos sobre a dinâmica sazonal do carbono nos ecossistemas aquáticos tropicais são importantes para se compreender as relações ecológicas e as alterações relacionadas aos impactos antrópicos. Na Bacia do Alto Paraguai há pouca informação sobre como se dá esta dinâmica nos rios formadores do Pantanal, como o rio Cuiabá – MT. O objetivo desta pesquisa foi quantificar as concentrações e as cargas de carbono orgânico total (COT) relacionando-as com o ciclo hidrológico. As amostras de água foram coletadas mensalmente, entre o período de agosto/2012 a dezembro/2013 e, posteriormente, entre setembro/2014 a abril/2015, em quatro pontos amostrais localizados nos municípios de Rosário Oeste (ponto de montante – RO), Várzea Grande (Passagem da Conceição – PC), Santo Antônio do Leverger (SA), e Poconé (Porto Cercado, a jusante – CER). Além disso, foi realizada uma única coleta em janeiro/2015, na região do Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense (PARNA), onde foram amostrados dois pontos no rio Cuiabá (a montante – PJ e a jusante – SP da Baía do Burro) e outros dois em duas baías na área de inundação, adjacentes ao canal principal do rio, Baía do Burro (BB) e Baía do Morro (BM). Amostras compostas (margens e centro) foram coletadas a 60 cm de profundidade, preservadas com H3PO4 a pH ? 2,0 e mantidas sob refrigeração seguida de congelamento no laboratório. Os parâmetros básicos pH, temperatura, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido foram mensurados in situ, através de sonda multiparamétrica portátil Hanna – Modelo HI 9828, devidamente calibrada. Para a quantificação da alcalinidade coletou-se amostras na parte central do rio, sendo analisada sua titulação com HCl 0,0501 mol L-1 em titulador automático. Os valores de pH, temperatura e alcalinidade foram utilizados para o cálculo indireto do gás carbônio livre (CO2L). A análise do COT foi realizada em aparelho TOC AURORA 1030W, com amostrador automático, em triplicata, utilizando-se água ultra pura obtida em Purificador GEHAKA. Para o cálculo da carga de carbono orgânico total utilizou-se os dados de vazões medidas no momento da amostragem em cada ponto, em m³ s-1 (Qy), para os anos de 2014 a 2015 e para os anos de 2012 a 2013 utilizou-se as vazões disponíveis no Sistema Hidroweb (ANA), multiplicados pelos teores correspondentes de COT em mg L-1 (Cs), e determinando-se a carga em t dia-1 (Qss) pela seguinte expressão: Qss = 0,0864. Qy. Cs. Os dados obtidos foram separados por pontos de coleta e período hidrológico. Os resultados de concentração de COT variaram de 1,11 mg L-1 a 6,66 mg L-1, sendo que os maiores valores foram observados na fase de cheia. O mesmo padrão se deu para os resultados de cargas, destacando-se o ponto de SA, com 670,1 t dia-1, a jusante da região metropolitana, e o ponto a montante – RO com 422,0 t dia-1. Os resultados de COT foram avaliados estatisticamente, verificando-se que apresentam distribuição normal, o que permitiu o uso da análise de variância (ANOVA) para comparar as médias dos pontos ao longo do rio Cuiabá no período de estiagem e cheia. Os dados de concentração por período hidrológico não mostraram diferenças estatisticamente significativas para ambos, estiagem e cheia, porém, para cargas os resultados foram estatisticamente diferentes na estiagem. Utilizou-se também o Teste t para comparação das médias de concentração e carga, entre os períodos hidrológicos, em cada ponto de coleta, onde RO e PC apresentaram diferenças significativas entre os períodos hidrológicos. Os maiores resultados de concentração (3,17 mg L-1 – RO; 3,58 mg L-1 – PC) e carga de COT (149,96 t dia-1 – RO; 216,46 t dia-1 – PC), em ambos os pontos, foram encontrados na cheia. Nos pontos SA e CER, as concentrações médias e as cargas de COT, entre as fases de estiagem e cheia, foram também estatisticamente diferentes na fase de cheia e, assim como nos pontos anteriores, os maiores valores de COT, concentrações (4,01 mg L-1 – SA; 4,01 mg L-1 – CER) e carga (341,96 t dia-1 – SA; 172,28 t dia-1 – CER) foram observados na cheia em função do aumento do escoamento superficial e das vazões. Os dados obtidos no Parque Nacional (PARNA) foram ilustrativos deste trecho de alta inundação do Pantanal do rio Cuiabá. Os valores observados neste trecho inferior foram mais elevados do que nos trechos alto e médio. PJ, SP e BM apresentaram, respectivamente, 7,76 mg L-1; 7,01 mg L-1, e 8,53 mg L-1. Já BB, ambiente altamente heterotrófico, apresentou o valor mais elevado determinado neste estudo, com 19,84 mg L-1. Nos pontos SA e CER, considerados como pontos de planície, bem como nos pontos do trecho inferior do rio Cuiabá, o fenômeno da decoada tem influência nos teores de COT como resultado dos processos de decomposição da matéria orgânica submersa na fase de enchente. As concentrações de COT nos pontos SA e BB indicam que esta variável é mais um indicativo do fenômeno. De forma inédita, avaliou-se o quanto a hidrodinâmica influencia na dinâmica de um nutriente pouco estudado na região, o carbono, como carbono orgânico total, permitindo assim estimar o quanto o rio Cuiabá contribui com aporte deste nutriente para a planície pantaneira.
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