Realizou-se um levantamento utilitário e classificou o terreno quanto a sua capacidade de uso agropecuário, de modo participativo com o proprietário do estabelecimento rural no município de Santo Antônio do Leverger, Estado de Mato Grosso, Brasil. Usar o solo conforme a sua capacidade máxima de uso, permite minimizar os processos de degradação ambiental e a perda de fertilidade do solo, além de garantir melhores retornos financeiros. Logo, o equilíbrio ecosocioambiental é o primeiro passo para contribuir com uma agricultura sustentável e conservacionista do meio ambiente, considerando o uso de tecnologias apropriadas ao contexto e as boas práticas de produção. Diante disso, foi realizado a determinação da capacidade de uso do solo e, em seguida, confrontado os usos atuais com as capacidades máximas de uso. Os resultados indicam que 96,32% da área disponível para produção é apropriada para cultivo e/ou pastoreio, além de verificar que 24,62% dessa área estava sendo usada inadequadamente, ou seja, havia uma subestimação ou superestimação do uso. Logo, a metodologia aplicada minimiza a suscetibilidade da degradação do solo e dos recursos hídricos no entorno da propriedade rural, e ainda é possível ser reproduzida em outras propriedades independentemente do tamanho do estabelecimento rural e do perfil do agricultor.
Categoria: Dissertações
Influência de Entradas Pedológicas e Pluviométricas em Modelagens de Vazão com o Modelo SWAT: Bacia do Rio São Lourenço-MT
Esta pesquisa é uma avaliação da influência do detalhamento espacial e dos atributos de informações pedológicas sobre o desempenho de modelagens da vazão utilizando o modelo SWAT (Soil and Water Assessment Tool). Em um estudo de caso na bacia hidrográfica do rio São Lourenço foram comparadas modelagens em resolução diária e mensal, alimentados com três diferentes discretizações espaciais de informações pedológicas provenientes de fontes secundárias, disponíveis para a maioria das bacias hidrográficas brasileiras a partir dos seus respectivos projetos de Zoneamento Ecológico-Econômico e o banco de dados pedológico nacional da EMBRAPA. Para garantir a comparabilidade entre as modelagens, o SWAT foi inicialmente alimentado com um único conjunto de dados de entrada, deixando variável somente o nível de discretização das unidades de mapeamento e a forma de agregar as informações pedológicas de perfis disponíveis para cada unidade. Foram utilizados dados pluviométricos de quatro fontes: as grades globais GPM e ERA5 Land, e dados das estações físicas da ANA sem e com interpolação para a sub-bacias do modelo parametrizado. As simulações diárias e mensais de vazões foram validadas usando métricas estatísticas como coeficiente de determinação (R2), coeficiente de massa residual (CMR) e a Eficiência Nash-Sutcliffe (NSE). Os resultados mostram que nenhuma das duas parametrizações de solos mais detalhadas melhora o desempenho das modelagens se comparadas com as entradas pedológicas mais generalizadas. As modelagens não-calibradas utilizando os dados de precipitação interpolados da ANA estiveram em melhor acordo com a vazão observada, em comparação com os demais conjuntos. A grade ERA5 Land alcançou desempenho similar e superou o conjunto GPM. As modelagens mostraram melhor desempenho na resolução mensal do que diária em todas as configurações de dados de entrada.
Avaliação do Plano Estadual de Recursos Hídricos de Acordo com a Percepção dos Membros do CEHIDRO-MT
A água é essencial para a vida no planeta terra, o seu crescente uso, a distribuição desigual são alguns fatores que culminaram em conflitos, isso ocorreu em âmbitos regionais, estaduais e federais. Assim, com a finalidade de minimizar as disparidades na distribuição da água a gestão é uma ferramenta importante. Instituída pela lei 9433/97 esta deve ser integrada, participativa e descentralizada, isso ocorre para que haja a proteção das águas de maneira mais eficaz, além disso há também as legislações estaduais, como no caso do estado de Mato Grosso foi criada a Lei no 11088/20 que possui funções, princípios, diretrizes e instrumentos. Assim inserido nos instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos tem-se o objeto desse estudo, O Plano Estadual de Recursos Hídricos, que tem como finalidade estabelecer programas e projetos para um horizonte de 20 anos e assim garantir quantidade e qualidade da água no Estado. Portanto, o objetivo do trabalho é apresentar a percepção dos membros do Comitê Estadual de Recursos Hídricos de Mato Grosso, em relação a importância dos programas propostos pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos e assim identificar quais programas são prioritários, ou seja, que quando forem executados reforçam/auxiliam ou dificultam a execução de outros. Para tanto realizou-se uma análise de caráter exploratório e descritivo, com aplicação de questionários, este dividiu-se em duas partes, sendo que a primeira foi solicitada à cada entrevistado da pesquisa atribuir um valor de 1 a 19 para cada um dos 19 programas do PERH, do menos importante (1) até o mais importante (19). A segunda parte avaliou às interações entre os programas segundo a perspectiva de cada respondente, para os dez programas que o respondente julgou mais importantes. Cada formulário respondido gerou uma matriz de relação ator-ator (programas-programas), no qual analisou-se as métricas de densidade e centralidade. Assim, o programa que foi citado como prioritário foi “Cadastro de uso e usuários de Recursos Hídricos” e o programa menos prioritário foi “Conservação do solo e água e recomposição das matas ciliares em microbacias”. Entre os programas que mais reforça os demais tem-se o Programa III (Elaboração de planos de bacias hidrográficas) e o que mais habilita os demais tem os Programas II, VI, VII. Já os programas VIII e XI mesmo não sendo elencados como prioridade devem ser executados juntamente com demais, caso contrário pode-se diminuir o efeito de habilitação dos outros. Apesar dos avanços para que todos os programas do PERH sejam efetivamente implementados é necessário que haja uma ordem na execução, pois mesmo após diversos anos de execução os instrumentos de gestão de recursos hídricos ainda estão em curso de desenvolvimento e implementação.
Impacto do Plano Nacional de Saneamento Básico sobre os Recursos Hídricos em Diferentes Cenários: Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário
Em virtude dos diversos conflitos de interesse hídrico e aumento de demanda por água, o Brasil, assim como outros países emergentes, enfrentam dificuldades na gestão das águas. Nacionalmente o aparato legal dos recursos hídricos é satisfatório, no entanto, o gerenciamento e aplicação da legislação ainda são insuficientes. Exemplo desta realidade é observado na aplicação das metas de saneamento, contidas no Plano Nacional de Saneamento Básico. O alcance dessas metas proporciona benefícios aos recursos hídricos e à saúde da população. Assim, o trabalho objetiva avaliar se a implantação integral das metas de abastecimento e esgotamento do Plansab, impactam no atendimento aos serviços de saneamento e ao balanço hídrico quantitativo das bacias hidrográficas. Podendo, desta forma, direcionar e hierarquizar as ações ao serviço de saneamento a regiões onde os efeitos positivos da aplicação das metas seriam potencializados, melhorando então o atendimento ao saneamento e a atuação da gestão e gerenciamento dos recursos hídricos. Os resultados indicaram que as metas do Plansab para o abastecimento urbano provocam menores impactos na universalização do atendimento urbano e rural. As metas do Plansab para o esgotamento sanitário provocam redução da carga de poluentes que chegam aos corpos d’água, ou seja, geram impactos mais relevantes na universalização do atendimento do setor. O balanço hídrico superficial apresentou maior efeito, que o subterrâneo, indicando que sofre maior impacto na redução de pressão hídrica frente a aplicação do Plansab.
Diagnóstico de Processos Erosivos Visando Ações de Recuperação e Conservação do Rio Coxipó em Trechos Inseridos no Perímetro Urbano da Capital Matogrossense
A bacia do rio Coxipó sofreu uma intensa ocupação humana que trouxe prejuízo direto a suas águas. Os efeitos negativos desta interferência podem ser sentidos na invasão de áreas de preservação permanente, na ausência de projetos de coleta, tratamento de efluentes, redes de drenagem de águas pluviais e coleta de resíduos sólidos que atendesse a totalidade da população da bacia. Nesse contexto, este projeto de pesquisa teve como objetivo diagnosticar os processos erosivos e de desbarrancamentos observados nas margens do rio Coxipó bem como caracterizar tipos de risco e quantificar a perda de área decorrente da erosão fluvial, Além de propor medidas, corretivas, de recuperação como forma de conservação da bacia. Para tal, foram desenvolvidas atividades, de maneira a entender a dinâmica erosiva em taludes existentes às margens do rio, especificadamente no trecho inserido na área urbana da capital, em duas etapas de trabalho. A primeira etapa se baseou em quantificar a perda de solos decorrente dos processos erosivos fluviais e pluviais que se desenvolveram ao longo do rio Coxipó. A análise foi realizada por meio da classificação não supervisionada através do software ArcGIS Pro (Versão Estudantil), além da realização da sobreposição de imagens de satélite disponibilizadas pela plataforma do Google Earth em diferentes períodos. A segunda etapa foi realizada em campo, visando o mapeamento e a caracterização de três tipos de riscos manifestados às margens do rio Coxipó, classificados com base em critérios previamente definidos, além da proposição e medidas corretivas e de prevenção voltadas à contenção dos processos erosivos atuantes. Após análises por meio de interpretações de imagens de satélite, foi possível identificar trechos mais afetados nos cursos do rio, inseridos próximo a sua foz, onde apresentou uma taxa de erosão de 39.616,43 m2 e de 45.291,86 m2 de assoreamento. Permitiu constatar que as áreas apresentaram intensos processos de erosão e de desbarrancamento decorrentes principalmente da interferência antrópica que favoreceu a mudança da morfodinâmica do rio Coxipó. Dessa forma, como sugestão para prevenção dos processos erosivos e de desbarrancamento, medidas corretivas sugerem a inserção de estruturas de Gabião do tipo espigão em margens côncavas, plantio de espécies de gramíneas, arbustivas e arbóreas por meio de anteparos de madeira em margens convexas e retilíneas. Como medida preventiva evidencia-se a importância do cumprimento da legislação à Áreas de Preservação Permanente (APPs) nas margens do rio em conformidade com o Novo Código Florestal, bem como apoiada pela Lei de Ocupação e Uso do Solo do Município de Cuiabá mediante a elaboração de Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) conforme Resolução CONAMA 237/1997.
Microplásticos em Águas Subterrâneas de Área Urbana
Os microplásticos vem sendo mais estudados em ambientes marinhos, devido aos oceanos serem o compartimento ambiental que concentram a maior quantidade de micropartículas plásticas. Em ambientes de água doce, os estudos são menos frequentes, concentrando pesquisas da detecção de microplásticos, em organismos vivos e na saúde pública. Em águas subterrâneas, o tema microplásticos ainda são mais escassos. Esses fatos, motivaram o estudo de avaliar a presença de microplásticos em águas subterrâneas no perímetro urbano do município de Cuiabá-MT. Foram levantados 508 poços de águas subterrâneas nas regiões norte, sul, leste e oeste da área urbana, atendendo aos usos de abastecimento doméstico e industrial. Para a detecção de microplástico, realizou-se o monitoramento de 11 poços, com a coleta de 500 L de água, e posterior filtragem em peneiras de malha 0,063 mm. Para a quantificação em laboratório os microplásticos foram separados e contados manualmente, utilizando aparelho estereoscópio. Dos resultados obtidos, conclui-se que 90% dos poços monitorados atendem o abastecimento doméstico, sendo que foram encontrados em 82% destes, pelo menos 1 micropartícula plástica. A fibra transparente foi a forma mais encontrada e constatou-se estatisticamente que não existe relação entre a quantidade de microplásticos e as variáveis características dos poços, como a vazão, profundidade, tempo de perfuração e a região onde o poço se localiza. Diversos estudos relatam a presença de microplásticos em águas potáveis, exigindo pesquisas que avaliem as implicações da ingestão na saúde pública, reforçando a necessidade de se implementar o monitoramento das micropartículas em águas e estabelecer padrões de controle, por meio de normas e legislações no mundo.
Destilação para Tratamento de Lixiviado: Obtenção de Subsídios para Projetos e Avaliação
O lixiviado, devido a elevada carga poluente e complexa composição, é umas das principais fontes de contaminação ambiental. A fim de minimizar os impactos e atender aos requisitos exigidos pelas legislações ambientais, torna-se necessário realizar o tratamento do lixiviado antes do lançamento nos corpos hídricos. A destilação solar apresenta como um processo de tratamento indicado para regiões como Mato Grosso com condições climáticas favoráveis, isto é, com clima mais quente e seco. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo projetar, construir e avaliar o sistema de tratamento do lixiviado por evaporação natural e forçada utilizando destilador solar em escala piloto. A metodologia consistiu nas seguintes etapas: i) testar e analisar os materiais (aço galvanizado, aço inox, alumínio, vidro e acrílico); ii) analisar a interferência das condições climáticas na destilação solar de lixiviado; iii) determinar a evaporação de lixiviado média diária (L/d) em um sistema com destilação natural e destilação forçada; e iv) avaliar o efluente destilado de acordo com a legislação vigente. De acordo com os resultados o aço inox apresentou melhor desempenho para construção da base do destilador com menor perda de massa com resultado médio de 0,03% e inferior taxa de corrosão, igualando-se a 0,00054. Para a cobertura do destilador o vidro apresentou o melhor resultado. No monitoramento das condições climáticas verificou-se que na destilação natural ocorreu uma diminuição da produção do destilado no período chuvoso quando houve menor radiação solar e precipitação. A destilação forçada não sofreu influência das condições climáticas. A destilação forçada obteve um rendimento de 84 L/dia e a destilação natural de 12 L/dia. Os índices de remoção dos parâmetros analisados são inferiores ao estabelecido pela legislação vigente.
Avaliação da Governança da Água – Experiência de Aplicação de Indicadores no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sepotuba, Mato Grosso
Com a publicação da Lei n° 9.433 em 08 de janeiro de 1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH), a gestão de recursos hídricos no Brasil deixou de ser uma questão unicamente de governo e se tornou uma questão de estado e governança. Dentre os fundamentos da PNRH, destaca-se a descentralização da gestão de recursos hídricos, que pressupõe a participação social através de conselhos estaduais e nacional de recursos hídricos e de comitês de bacias hidrográficas, que são foros colegiados que fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Singreh). Este modelo de gestão de recursos hídricos completa vinte e quatro anos, porém ainda há muitos desafios e lacunas para a sua efetiva aplicação, entre esses destaca-se o monitoramento do Singreh, com vistas a avaliar o seu funcionamento. Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo a avaliação da governança da água e o funcionamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sepotuba (CBH Sepotuba), por meio da aplicação de indicadores desenvolvidos pelo Observatório de Governança das Águas e da análise das atas de reunião. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa foi dividida em quatro etapas: 1) apresentação da proposta do trabalho para os membros do CBH; 2) seleção dos indicadores; 3) análise das atas de reuniões; 4) realização da Oficina para avaliação dos indicadores de governança. Dessa forma foi possível avaliar a governança através da análise das atas de reuniões e dos indicadores propostos pelo Observatório de Governança das Águas-OGA, onde o nível de governança do CBH-Sepotuba foi considerado como médio ou seja ainda se encontra na fase consultiva no processo de participação na gestão das águas e marco lógico do nível de envolvimento dos atores chaves no CBH Sepotuba. Neste sentido, conclui-se que os indicadores aplicados se mostraram compatíveis com a realidade atual do Comitê e a análise das atas foi essencial para a complementação dos resultados da aplicação dos indicadores, pois permitiu compreender o contexto histórico das ações e atividades do CBH.
Micodegradação de Atrazina por Isolados Oriundos de Sedimento Fluvial de Área Agrícola
A atividade agrícola nacional destina para a colheita 80 milhões de hectares do território brasileiro e, destes, 77% são para culturas temporárias de cereais, leguminosas e oleaginosas. Dentro desse cenário, o herbicida atrazina é o quarto princípio ativo mais empregado no controle de plantas daninhas na agricultura brasileira. Devido a sua estrutura química ser composta por um anel triazínico substituído com cloro, etilamina e isopropilamina, mostra-se uma substância altamente recalcitrante para a degradação biológica no ambiente. A aplicação de fungos em processos de biorremediação de pesticidas vem sendo amplamente estudada, visto que são organismos facilmente adaptáveis e resistentes, e ainda apresentam a capacidade de produzir enzimas para metabolizar diversas substâncias. Neste contexto, o trabalho buscou avaliar se fungos isolados de sedimentos fluviais de área de intensa atividade agrícola apresentam capacidade de biodegradar o herbicida atrazina. Para isso, inicialmente selecionou-se os fungos capazes de produzir enzimas ligninolíticas utilizando a oxidação do guaiacol. Na sequência, os fungos positivos foram avaliados quanto a sua capacidade de tolerar diferentes concentrações do herbicida em experimento estático. Os mais tolerantes foram escolhidos para a realização do teste de biodegradação em meio liquido acrescido de 30 mg L-1 de atrazina durante 21 dias. Para estes fungos realizou-se a identificação morfológica e molecular. No experimento que degradou o herbicida foi determinada a atividade enzimática da lacase e da lignina peroxidase e avaliado o potencial fitotóxico do produto da degradação por bioensaios com sementes de rúcula. Após os experimentos de tolerância, observou-se que 5 linhagens fúngicas apresentaram capacidade de tolerar o herbicida nas concentrações de 30 a 200 mg L-1. Contudo, nos testes de biodegradação, apenas a linhagem F20 foi capaz de biodegradar 25% da atrazina, com a formação da molécula desetilatrazina, caracterizada pelas análises de FTIR e HPLC/MS. Na avaliação da atividade enzimática, os valores obtidos não foram expressivos, não sendo possível relacionar as enzimas com a biodegradação. No experimento de fitotoxicidade não houve redução de toxicidade após a biodegradação, isso porque a molécula desetilatrazina é muito similar a atrazina e o percentual obtido na biodegradação não foi capaz de biotransformar o herbicida em outros compostos. Apesar da constatação da efetiva capacidade de micodegradação do herbicida, a utilização da linhagem fúngica F20 para futuras aplicações biotecnológicas de biorremediação de solo ou água contaminados com a atrazina, demandam novos estudos visando a potencialização do seu percentual de biodegradação.
Densidade de Bactérias Associadas e Macroplásticos de Sedimentos de Fundo
A poluição dos corpos hídricos por microplásticos representa um desafio global, pois dentre os riscos para a microbiota e meio ambiente, estes se apresentam como um meio ideal no crescimento de microrganismos, possibilitando a disseminação de patógenos e a invasão de ambientes por espécies invasoras que podem afetar o ecossistema aquático e a saúde da população. Tendo isto em vista, o objetivo desse estudo foi investigar a densidade sazonal de bactérias heterotróficas e Pseudomonas aeruginosa adsorvidas em amostras de macroplásticos e sedimentos de fundo na microbacia do córrego do Barbado em Cuiabá-MT, a caracterização dos pontos amostrais, análise qualitativa dos parâmetros físicos e químicos da água e a quantificação dos microplásticos em sedimentos de fundo. As coletas foram realizadas em quatro pontos amostrais da microbacia durante o período de chuva (dezembro/2019 a fevereiro/2020) e seca (junho/2020 a agosto/2020). Este estudo mostrou que a densidade de bactérias heterotróficas em macroplástico e sedimentos de fundo não apresentou diferença significativa entre os pontos amostrais, exceto nas amostras de sedimentos no período sazonal e ao comparar os grupos de macroplástico e sedimentos de fundo entre si. Por outro lado, não houve crescimento de Pseudomonas aeruginosas em macroplástico, somente em sedimentos de fundo, havendo diferença de densidade entre os pontos e período de chuva e seca. A caracterização dos pontos de coleta da área de estudo demonstrou a presença de resíduo domiciliar, especialmente do tipo macroplástico, assim como o lançamento de efluente doméstico sem tratamento prévio, eutrofização e mau odor. Diante da análise qualitativa dos parâmetros físicos e químicos da água, foi constatada a degradação do curso hídrico, uma vez que o oxigênio dissolvido apresentou valores abaixo do mínimo estabelecido pela CONAMA 357/2005, bem como a alta condutividade elétrica observada. Quanto a análise de microplástico em sedimentos de fundo no córrego em estudo, não diferiu significativamente entre os pontos e campanhas de amostragem. Porém, foram quantificados um total de 103 unidades/kg de microplástico no período de chuva e 65 unidades/kg no período de seca, sendo em sua maioria do tipo fibra, filmes e fragmentos, respectivamente.