A ictiofauna tem importância fundamental na provisão de ambiente equilibrado, além da importância econômica para o país, os processos migratórios dessas populações têm influencia direta na sua manutenção. Fatores naturais como declividade do talvegue podem interferir tanto quanto barreiras artificiais sobre as rotas migratórias de peixes. Hidrelétricas são exemplos de barreiras antrópicas e, segundo dados da Agência Nacional de Energia Eletricidade (ANEEL), o número de hidrelétricas em operação na Região Hidrográfica do Paraguai (BHP), considerando as que possuem reservatório, somam em torno de 36, sendo que mais 104 estão previstas, e dessas, 101 são PCHs. Diferenciar impactos antrópicos de barreiras naturais sobre a rota migratória de peixes é essencial para estimar o real impacto das hidrelétricas. Assim, o objetivo desse estudo foi de estimar as perdas de rotas migratórias de peixes impostas pelas hidrelétricas existentes e previstas, considerando as barreiras naturais que já restringiam a migração. O estudo foi desenvolvido em ambiente de Sistema de Informações Geográficas – SIG, onde foram sistematizadas rotinas de identificação de potenciais barreiras naturais, com base na declividade do talvegue, e, considerando–as, foram elaborados diagnóstico e prognóstico das perdas de rotas migratórias. As limitações de escala e precisão da base de dados, entre outros fatores, levaram a consideração de diferentes critérios, declividades de 15, 20 e 30% como potenciais barreiras naturais. Para efeito de diagnóstico e prognóstico, foram consideradas apenas as barreiras com a declividade maior ou igual a 30%, que caracterizam cachoeiras e escarpas. Sendo assim, descartando as barreiras naturais, o diagnostico aponta que bacias como a de Cuiabá, região nordeste da RHP, possuem aproximadamente 30% dos rios sem conexão com o bioma do Pantanal, em razão exclusivamente de hidrelétricas. E, no prognóstico, indica que, caso todas as hidrelétricas forem construídas, a região terá 75% dos rios desligados do Pantanal. A implantação dessas hidrelétricas deve ser estudada e discutida sobre a luz dos benefícios e impactos gerados, principalmente em relação à RHP, que abriga uma das maiores planícies contínuas alagáveis do planeta, o Pantanal.
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