O Rio São Lourenço nasce no município de Campo Verde – MT e atravessa os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, desaguando na região do Pantanal. A área de estudo sofre impacto direto da crescente atividade agropecuária e estudos anteriores mostraram a presença de pesticidas em seus corpos hídricos. Considerando os impactos ocasionados por esses compostos no meio ambiente, objetivou-se com este trabalho avaliar o processo de recuperação realizado em uma das nascentes do rio São Lourenço e seu efeito sobre a contaminação da água por pesticidas e testar, em caráter exploratório e inédito no estado, o uso da amostragem passiva em análises de água. Para tanto, amostras instantâneas de água foram coletadas durante as estações seca e chuvosa, iniciando em dezembro de 2015 e seguindo até a conclusão de uma safra agrícola (junho 2016), tendo sido cultivado na área soja, milho e algodão. Foram utilizados também amostradores passivos para coleta de amostras integradas e as análises realizadas usando métodos de extração desenvolvidos e validados no Laboratório de Análise de Resíduos de Biocidas da UFMT. A identificação e quantificação foram feitas em cromatógrafo a gás acoplado a detector de massas (GC/MS) para os pesticidas atrazina, malationa, trifluralina, metribuzim, lambda cialotrina, permetrina, metolacloro, clorpirifós, endossulfam α, β e sulfato. Os pesticidas carbendazim, carbofurano, carbosulfano, acetamiprido, tiametoxam, piraclostrobina, acetamiprido, diurom, clomazona, epoxiconazole, imidaclopride, metomil e tebuconazole foram analisados em cromatógrafo líquido acoplado a espectrometria de massas em tandem (UPLC-MS/MS). Foram coletadas 95 amostras de água, sendo 56 de água subterrânea e 39 de água superficial. Destas, 61% e 41%, respectivamente, apresentaram resíduos de pesticidas. Houve detecção de oito princípios ativos em água subterrânea e 11 em água superficial, constatando assim a vulnerabilidade da área à contaminação. O herbicida atrazina e o fungicida priraclostrobina foram detectados apenas com o uso do amostrador passivo demonstrando a relevância e utilidade desta estratégia de amostragem na medição de baixas concentrações dos pesticidas. Os pesticidas metolacloro, atrazina, malationa e trifluralina já haviam sido detectados anteriormente, comprovando o grande potencial de contaminação destes pesticidas, seja por escoamento, lixiviação ou por outra via. Dentre estes, trifluralina e malationa apresentaram concentrações acima do permitido pela legislação brasileira vigente para resíduos de pesticidas em matrizes de água. Quanto ao efeito da recuperação da vegetação sobre a contaminação pode-se afirmar que houve uma melhora significativa na contenção dos pesticidas, visto que as concentrações encontradas foram menores do que as reportadas em estudos anteriores. Entretanto, monitoramentos futuros serão importantes para se avaliar os efeitos futuros, uma vez que o processo de recuperação se consolida no longo prazo.
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