Dinâmica do Carbono Orgânico Dissolvido em Área de Alta Inundação do Rio Cuiabá, Pantanal Mato Grossense

Autor: Sara Cortez de Moraes

Categoria(s): Dissertações

Palavra(s)-chave: Carbono Orgânico Dissolvido, Decoada, Matéria Orgânica Dissolvida, Pantanal, Rio Cuiabá

O Pantanal é uma das maiores planícies inundáveis do mundo, formado pela junção das áreas de inundação de cada um dos seus rios formadores na Bacia do Alto Paraguai. A geomorfologia e o regime hidrológico de cada rio contribuem e influenciam diretamente o pulso de inundação a jusante, incluindo a planície pantaneira como um todo. O rio Cuiabá é um dos principais tributários deste sistema. Na fase de águas altas (enchente e cheia), durante a fase de chuvas nesta região, há o transporte de material em suspensão e nutrientes, como o carbono, das áreas de planalto (sujeitas a intensivo uso do solo), bem como sua sedimentação e transformação na planície. Devido à influência dos processos hidro-ecológicos que ocorrem na extensa área de interação rios-planície no Pantanal, destaca-se um fenômeno natural denominado regionalmente como “decoada”, que ocorre durante o início da fase hidrológica de enchente. Este fenômeno caracteriza-se pela alteração da qualidade da água nas áreas de inundação, incluindo as lagoas marginais, pela decomposição da matéria orgânica submersa, principalmente gramíneas, que tende a se deslocar rio abaixo, à medida que a enchente progride. Acontecem mudanças quanto aos parâmetros físicos, químicos e biológicos, resultado da interação inicial entre a água de inundação, o solo e a biomassa vegetal previamente secos. Este trabalho teve por objetivo determinar a variação espacial e a dinâmica das concentrações de Carbono Orgânico Dissolvido (COD) nas fases de seca e cheia de um ano hidrológico, na Baía do Burro, lagoa marginal na margem direita do rio Cuiabá, em área de alta inundação, e determinar suas possíveis origens, utilizando as propriedades ópticas da Matéria Orgânica Dissolvida (MOD). Foram realizadas duas campanhas de campo em 2018, uma na fase hidrológica de cheia (13-16/março) e outra na fase de seca (22-25/setembro), na superfície da baía (40 pontos), bem como num perfil vertical no centro do corpo d’água, com 5 pontos transversais (37 amostras na cheia e 23 na seca). Além das amostras para análise de COD (via Sensor UV-Vis Espectrolyser – Spectro::lyser®-S::can MESSTECHNIK), MOD (via Espectrofluorímetro Aqualog Horiba) e Alcalinidade em laboratório, foram realizadas medidas in situ de tempertatura, pH, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e turbidez via sonda multiparâmetros HORIBA U-50, previamente calibrada, além de transparência por Disco de Secchi e cálculo indireto do gás carbônico livre. Através de análise estatística e espacialização de dados, observou-se que a contribuição da planície de inundação (Campo do Jofre e áreas adjacentes) e corixos, além do próprio rio Cuiabá, é importante para as alterações dos parâmetros limnológicos e da concentração do COD na baía do Burro, apresentando diferenças significativas (p<0,05) no período de Decoada (enchente-cheia). Os resultados de COD variaram entre 8,09 e 14,37 mg/L (média = 13,38 mg/L) na fase de cheia e entre 4,43 e 8,09 mg/L (média = 7,23 mg/L) na seca. As propriedades ópticas da MOD por meio dos índices IF, IH, IB e SR e das relações Ex/Em), aplicando-se o modelo PARAFAC, indicaram que a MOD observada, tanto nas amostras de superfície como do perfil, foi principalmente alóctone (originada de solos e componentes vasculares de plantas), recalcitrante, de alto peso molecular.

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