O Brasil é rico em diversidade étnica e cultural. Uma prova disso está no fato de existir no país 254 sociedades indígenas diferentes, que somam 896.917 mil pessoas (IBGE: Senso 2010), com cerca de 180 línguas originais distintas. A maioria dessa população está localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, principalmente na área da Amazônia Legal. Somente no Estado de Mato Grosso existem 43 povos indígenas, a maioria deles com parte de seus territórios tradicionais reconhecidos e demarcados pelo estado brasileiro.

Pensando em democratizar o acesso às informações sobre essa diversidade cultural indígena, o projeto Povos do Brasil, desenvolvido pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, em parceria com o Ministério da Cultura, tem o propósito de formar e difundir na internet conteúdos que tratam da temática indígena. Com vídeos, fotos, teses, dissertações, sugestão de livros, entre outras informações, a proposta do site é documentar o cotidiano, os rituais, línguas, culturas e iconografias de inúmeras nações indígenas brasileiras.

Mato Grosso, por exemplo, possui uma das mais ricas diversidades étnicas do planeta, com um patrimônio de conhecimentos tradicionais de vital importância para a ciência moderna e para os desafios impostos para o século XXI. Além disso, está estrategicamente, do ponto de vista da temática indígena, próximo dos estados da região norte e também de Mato Grosso do Sul que são, em sequência, também detentores de grande concentração desses povos.

Em razão do desenvolvimento econômico, impulsionado nas últimas décadas pela agroindústria, os territórios indígenas vivem ameaçados e em situação permanente de conflito por disputas de terras. A crescente demanda por energia vem trazer um novo conflito, com a construção de barragens em áreas indígenas ou no entorno destes territórios, demarcados ou não.

Face ao exposto, o projeto Povos do Brasil é de suma importância para mapear, reunir, classificar, catalogar e propagar, ou seja, construir e disponibilizar para a população um banco de conteúdo audiovisual, fotográfico e textual acerca da cultura indígena, constituindo assim um instrumento de proteção e promoção das expressões culturais dos indígenas brasileiros, além de difundir os saberes e as tradições dessas etnias.

A partir desse propósito, e acreditando que a comunicação tem função estratégica na valorização e divulgação da diversidade étnica e cultural dos povos indígenas, bem como na construção da identidade nacional, o projeto é também importante ainda pelos seguintes fatores:

1. Preservação de rico acervo audiovisual acerca dos povos indígenas e expressões culturais desconhecidas e já inexistentes;

2. Ampliação da difusão e disponibilização gratuita de conteúdo acerca da diversidade étnica e cultural dos povos indígenas, por meio de catálogo (eletrônico e impresso), plataforma virtual (webtv);

3. Aumento das possibilidades de difusão de conteúdos audiovisuais diversificados, fotografias e textos;

4. Contribuição para a aproximação de culturas, disponibilizando o conteúdo auferido prioritariamente para finalidades educativas (TV ESCOLA, por exemplo) e programações em escala com formatos de fácil assimilação pela população brasileira;

5. Alto grau de viabilidade da ação, dado à trajetória da UFMT, sediada na Capital Mato-grossense, que é um dos territórios de maior concentração de povos indígenas do país, e ainda detentora de vasta trajetória no apoio ao desenvolvimento de pesquisas no âmbito da temática, e grande histórico de relacionamento com as comunidades indígenas.

O projeto de pesquisa Povos do Brasil atende ainda, no âmbito do audiovisual, os preceitos da Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, adotado em 2005 e também aos objetivos da Meta 06 do Plano Nacional de Cultura, no qual “50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC) atendidos por ações de promoção da diversidade cultural”.