meio às celebrações do Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela ONU para 2025, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) se projeta nacionalmente por trazer uma abordagem inovadora sobre o cooperativismo no Brasil. A tese de doutorado do educador e pesquisador Cleber Zequetto, intitulada “O Ethos do Cooperativismo em Diálogos e Afetos”, propõe uma leitura ampliada do cooperativismo como cultura viva, atravessada por afetos, narrativas e práticas sociais compartilhadas.
A pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação da UFMT, sob orientação de Aline Wendpap Nunes de Siqueira, primeira a defender um doutorado no programa, utiliza metodologias como a cartografia e a semiótica da cultura para analisar experiências cooperativistas em Mato Grosso e outras regiões do país. Mais do que estudar o cooperativismo como uma estrutura institucional ou econômica, Zequetto investiga o ethos cooperativista como um modo de vida coletivo, simbólico e afetivo.
“Ao compreender o cooperativismo como ethos, revelamos que ele não é apenas uma estrutura econômica ou institucional, mas um modo de vida, uma linguagem afetiva e coletiva que resiste, reinventa e transforma”, destaca o pesquisador.
O trabalho acadêmico tem repercutido para além da universidade, inspirando formações de lideranças cooperativistas, mentorias e cursos em parceria com cooperativas, instituições de ensino e organizações sociais. A previsão é que o conteúdo da tese seja publicado em livro ainda este ano, e neste mês Zequetto participa da Caribbean World Of Work Forum, no Caribe.
Ainda como desdobramento de sua trajetória acadêmica e prática, Zequetto já se prepara para iniciar seu estágio de pós-doutorado também pela UFMT, aprofundando os estudos sobre narrativas cooperativas. A nova etapa da pesquisa pretende investigar como os relatos e símbolos culturais vivenciados por cooperados e lideranças moldam identidades e transformações dentro do cooperativismo brasileiro.
“Este é o momento certo para lançar luz sobre o valor intangível da cooperação. O Ano Internacional das Cooperativas nos convida a repensar não só estruturas, mas aquilo que realmente sustenta o modelo: vínculos, valores e narrativas”, afirma Zequetto.
Diante de um cenário global marcado por tensões políticas e desafios socioeconômicos, a proposta ganha força ao destacar a cooperação como resposta estratégica e afetiva para a construção de sociedades mais sustentáveis e solidárias — um debate no qual a UFMT se insere de forma ativa e propositiva.