A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) sedia a partir
de quinta-feira (14) a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária
(JURA). O evento, que tem como tema "Reforma Agrária Popular: defender a
Vida é combater o agronegócio", segue até sábado (16) e tem entre seus
destaques a Feira Estadual da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Economia
Solidária, que será realizada no estacionamento do Restaurante Universitário
(RU).
Eduardo Daflon, coordenador do evento e docente do curso de
História, explica que a JURA é um evento de alcance nacional realizado desde
2014 e que tem como principal objetivo estreitar os laços entre os movimentos
sociais do campo — em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) — e a Universidade Pública. “Em 2025, sob coordenação do Departamento de
História, o tema da JURA reafirma a luta contra a concentração fundiária e a
devastação ambiental”, aponta.
Ainda segundo o coordenador, as atividades tiveram início em
abril. “A JURA é uma atividade de extensão e, portanto, constitui parte
inseparável das demais dimensões que compõem a universidade, conforme os marcos
constitucionais vigentes. Nesse sentido, a Jornada contribui para que o ensino
e a pesquisa estejam socialmente referenciados — ou seja, para que a
universidade se dedique às questões que são caras ao povo brasileiro. É por
isso que, na Feira Estadual da Reforma Agrária, teremos um espaço dedicado a
painéis que divulgarão projetos de pesquisa e extensão da UFMT voltados para a
realidade camponesa e o diálogo com os movimentos sociais”, explica.
“Tivemos uma aula
pública no Instituto de Geografia, História e Documentação (IGHD) com a
presença de um representante de um assentamento da reforma agrária e hoje
doutorando no Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS-UFMT). O tema da
atividade de debate foi justamente o Ensino de História e sua importância para
a Educação do Campo. Nesse sentido, a participação da UFMT é fundamental.
Afinal, estamos em um estado que figura entre os líderes tanto na concentração
fundiária quanto no número de pessoas encontradas no campo em condições
análogas à escravidão. Pautar esses debates no espaço acadêmico é uma forma de
fazer reverberar, na sociedade brasileira, os temas incontornáveis da nossa
realidade agrária profundamente desigual”, analisa o coordenador.
Programação
Um dos pontos altos da JURA é a Feira Estadual da Reforma
Agrária, Agricultura Familiar e Economia Solidária, que acontece durante todos
os dias do evento no estacionamento do Restaurante Universitário (RU). Na
oportunidade, a comunidade poderá comprar os produtos oferecidos.
Outro destaque é o lançamento do Plano Safra da Agricultura
Familiar, na sexta-feira (15), a partir das 8h. “A Feira contará com a
participação e o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e,
dentro da sua programação, está previsto um espaço específico para o lançamento
do Plano. Esse será um momento simbólico
e estratégico, com a presença de diversas autoridades que poderão conhecer de
perto o potencial, a diversidade e a força da produção camponesa. Inserir o
lançamento do Plano Safra na Feira reforça justamente a articulação entre
Estado, movimentos sociais e instituições públicas no sentido de fortalecer a
agricultura familiar”, observa o coordenador.
Ainda na quinta-feira, às 8h, haverá o café camponês. Às 9h,
acontece a abertura do evento. Às 15h acontece uma mesa para discutir a questão
ambiental e às 20h acontece o festival “Cultivando a arte de lutar e sonhar”.
Na sexta-feira, além do lançamento do Plano Safra de
Agricultura Familiar, haverá, às 15h, uma mesa para discutir a conjuntura
nacional. Às 20h, será realizado o festival.
Já no sábado, a partir das 8h acontecerá um ato político
sobre os 30 anos do MST em Mato Grosso. Às 15h será realizada a troca de
sementes. Por fim, às 20h, acontece o festival.
História na UFMT
Em 2025, a JURA completa a sétima edição na UFMT. “A
tradição local estabelecida tem sido a de um rodízio na coordenação do evento
entre departamentos cujos docentes são aliados da luta pela reforma agrária”,
conta o coordenador.
Segundo ele, a primeira edição mato-grossense foi realizada
em 2018, sob coordenação do Departamento de Enfermagem, promovendo a integração
entre a academia e os camponeses. “Em 2019, o Departamento de Teoria e
Fundamentos da Educação ampliou a programação, abordando temas como saúde,
educação, meio ambiente e direitos indígenas. Em 2020, em razão da pandemia, as
atividades ocorreram de forma online, sob coordenação do Departamento de
Geografia. No ano seguinte, o Departamento de Física organizou ações como o
"Ato pela Vida" e debates sobre questões agrárias e urbanas”, conta.
“Em 2022, a coordenação ficou a cargo do Departamento de
Serviço Social, com destaque para a Feira da Reforma Agrária e atividades
culturais. Em 2023, o Departamento de Psicologia liderou a edição, promovendo
palestras, vivências em assentamentos e a "2ª Feira Saberes e Sabores da
Terra". Já em 2024, o Instituto de Saúde Coletiva organizou a JURA na
UFMT, celebrando os 40 anos do MST com uma programação extensa, realizada de
abril a dezembro, com destaque para a Feira Estadual da Reforma Agrária,
articulada à II Semana da Agroecologia de MT”, finaliza.
Além da UFMT, a JURA tem o apoio e participação do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra; Fundação Rádio e Televisão Educativa e Cultura
(RTVE); Universidade Federal de Goiás (UFG); e programa Alimento no Prato.