Três jovens cientistas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que participam do Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana, mostraram que a ciência feita na graduação já pode render frutos significativos. No 27º Congresso de Biólogos (ConBio), realizado em Cáceres (MT) entre 29 e 31 de agosto, elas conquistaram nada menos que os três primeiros lugares na categoria de Graduação.
O feito é ainda mais especial porque o evento reuniu estudantes, pesquisadores e pesquisadoras de todo o país. E, no meio de tantos talentos, só deu UFMT no pódio.
As pesquisas premiadas fazem parte de um grande projeto em prol de soluções mais sustentáveis para a agricultura e para a recuperação ambiental e intitula-se “Rede Amazônica para Desenvolvimento de Insumos Biológicos destinados à Agricultura Sustentável e Biorremediação”. A iniciativa é coordenada pelo Prof. Dr. Marcos Antônio Soares, do Instituto de Biociências da UFMT, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As estudantes premiadas ressaltaram o apoio da equipe do laboratório, em especial da Dra. Ivani Mello e do Prof. Dr. Marcos Antônio Soares, além de destacarem a importância da oportunidade de produção de conhecimento. “Participar do congresso e representar a UFMT e o meu curso foi uma experiência incrível e marcante na minha trajetória acadêmica, algo que nunca esquecerei”, afirmou Amanda Cardoso, vencedora do primeiro lugar, orientanda do Prof. Dr. Marcos Antônio Soares.
O Prof. Dr. Marcos Antônio Soares celebrou o resultado lembrando que o prêmio reconhece não só os trabalhos apresentados, mas também a dedicação das alunas. “Mesmo ainda no início da formação, elas já demonstram responsabilidade e compromisso com a pesquisa científica. Motivo de muito orgulho”, destacou.
A UFMT também se destacou com a palestra conduzida por Soares, intitulada “Biodiversidade como repositório para produtos e processos biotecnológicos”, abordando a importância da microbiota — o conjunto de microrganismos que habitam solos, plantas, animais e até humanos — para a saúde, a agricultura e o equilíbrio dos ecossistemas.
Conheça as Pesquisas Premiadas
1º Lugar - Isolamento e identificação de amebas de vida livre na Bacia do Rio Cuiabá
O trabalho desenvolvido pela estudante Amanda Lemos, graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas pela UFMT, intitulado “Isolamento e identificação de amebas de vida livre na Bacia do Rio Cuiabá”, rendeu o 1º lugar no valor de 4 mil reais. A pesquisadora analisou amostras de água do Rio Cuiabá e encontrou 40 linhagens diferentes de amebas de vida livre — microrganismos invisíveis a olho nu que vivem naturalmente na água e no solo. Algumas delas, como a Naegleria e a Acanthamoeba, podem causar doenças em humanos - infecção no cérebro que pode ser fatal (meningoencefalite amebiana primária) e infecção grave nos olhos (ceratite).
Este estudo contribui com dados inéditos para Mato Grosso, amplia o conhecimento sobre a distribuição dessas amebas e traz informações valiosas para monitorar a qualidade da água e proteger a saúde da população.
2º Lugar - Uso de Actinobactérias como biocontrole do fungo Colletotrichum sp.
A pesquisa realizada por Isadora Linder da Silva, graduanda em Bacharelado em Ciências Biológicas pela UFMT, intitulada “Uso de Actinobactérias como biocontrole do fungo Colletotrichum sp.”, garantiu o 2º Lugar no valor de 3 mil reais. O estudo buscou no solo amazônico bactérias capazes de agir como guardiãs das plantações (Actinobactérias), devido à produção de metabólitos secundários com ação antibiótica. Isadora testou 27 linhagens dessas bactérias e verificou que em 10 delas houve uma inibição do crescimento do fungo que ataca frutas e folhas (Colletotrichum), responsável por grandes prejuízos na agricultura. Em um segundo ensaio apenas com essas 10 linhagens confirmou os percentuais médios de inibição do crescimento do fungo acima de 50%.
A pesquisa reforça a relevância das actinobactérias como alternativa natural ao uso de agrotóxicos, funcionando como um “exército invisível” antifúngico (Colletotrichum) que tem causado prejuízos agrícolas.
3º Lugar - Potencial fitotóxico dos extratos de folha de teca no crescimento radicular de Lactuca sativa
Estudo realizado por Camila Viana de Oliveira, graduanda em Bacharelado em Ciências Biológicas da UFMT, chamado “Potencial fitotóxico dos extratos de folha de teca no crescimento radicular de Lactuca sativa L.”, avaliou as folhas da teca (Tectona grandis), árvore conhecida por sua madeira nobre, mas que também guarda compostos capazes de interferir no crescimento de outras plantas. Ao testar diferentes extratos das folhas em durante a germinação de sementes de alface (planta modelo para experimentos), ela percebeu que em alguns casos as raízes das alfaces ficaram menores.
Isso é um forte indicativo de que a teca pode ter um potencial para ser fonte de bioherbicidas, produtos naturais que ajudam a controlar ervas daninhas, funcionando como uma alternativa mais verde aos herbicidas químicos ou agrotóxicos. O Estudo rendeu a Camila Viana de Oliveira o 3º Lugar no valor de 2 mil reais.
Essas pesquisas mostram como a ciência pode transformar o que parece pequeno ou invisível — uma ameba microscópica, uma bactéria do solo ou uma folha de árvore — em conhecimento com grande impacto para a saúde, o meio ambiente e a agricultura.
O Pró-reitor de Pesquisa da UFMT, Bruno Araújo, ressaltou que a conquista reforça o papel da Universidade como espaço de produção de conhecimento e de proposição de soluções para os desafios da sociedade. “O Programa de Iniciação Científica e Tecnológica tem um papel fundamental na formação de jovens cientistas, pois é nele que muitos estudantes dão os primeiros passos no universo da pesquisa. Esses prêmios conquistados são uma prova concreta de que investir na iniciação científica e tecnológica é investir no futuro da ciência brasileira”, reforçou.
Serviço:
Conheça o Laboratório de Biotecnologia e Ecologia Microbiana:
Site: www.labem.org
Instagram: @labem_ùfmt
E-mail: drmasoares@gmail.com
Texto por: Maria Rita Lima - Bolsista do Programa Institucional de Comunicação Pública da Ciência da PROPESQ/UFMT
Sávio Santos - Extensionista da PROPESQ/UFMT
Revisão: Zina Crepaldi - Membro do Programa Institucional de Comunicação Pública da Ciência da PROPESQ/UFMT
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