Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), todas as manifestações de preconceito contra as pessoas idosas são classificadas como etarismo. E para esclarecer mitos e verdades que propagam na sociedade e estão associados à discriminação contra à pessoa idosa, a Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia (LAGGE) da Faculdad de Medicina (FM), da Universidade Federal de Mato Grosso desenvolveu a "Cartilha Etarismo". Disponível de forma online e gratuita, a cartinha se baseia em desconstruir a ideia de que o envelhecimento esteja associado à doença.
“A cartilha foi desenvolvida a partir da percepção do contexto atual relacionado a pandemia do Covid-19, quando a população idosa foi considerada grupo de risco. Nesse cenário de pandemia, a discussão sobre a participação social dos idosos ganhou espaço. Ampliando também o debate sobre as diversas manifestações de etarismo no cotidiano”, explicou a orientadora do conteúdo da cartilha, professora Andreia Casarotto.
A cartilha contou com a participação de 18 pessoas, de forma que as atividades foram se desenvolvendo em equipe, aliando participação de professores, alunos e colaboradores do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM). Desde maio, o projeto conta com produção de ilustrações, adequação da linguagem acessível e desenvolvimento do conteúdo, para que seja possível o alcance de diferentes públicos.
A sociedade ainda tem muitos desafios relacionados à superação do etarismo,de acordo com a professora é necessário superar as crenças de que a pessoa idosa passa a não ser funcional e perde autonomia. Para a professora de geriatria, Andreia Casarotto, é preciso entender e absorver as demandas da população que vem envelhecendo cada vez mais rápido.
“A gente tem que se preparar para absorver as demandas da população idosa. Por isso precisamos discutir em todas as esferas o envelhecimento e quais são as suas necessidades, para que possamos atendê-las, de forma que a gente precisa ensinar desde muito cedo a importância do idoso, e entender que ficar velho não é sinônimo de ficar doente. É preciso diferenciar para a população o que é o envelhecimento normal do que é envelhecimento patológico. Além de resgatar o papel do idoso na sociedade, e mostrar que ele pode sim ser muito produtivo e contribuir com seu núcleo familiar e social.”, afirmou a professora.
Ainda de acordo com a docente, o combate ao etarismo está associado a práticas de conscientização sobre a discriminação e atitudes de reparação."Acredito que a discussão sobre envelhecimento saudável; o estímulo de funcionalidade dessa população; e a inserção de idosos no mercado de trabalho, com papéis atuantes são práticas que contribuem na caminhada no combate a discriminação etária”, completou Andreia Casarotto.
Na cartilha
No informativo disponível gratuitamente é possível encontrar respostas sobre dúvidas muito comuns como “idoso volta a ser crianças” ou "pessoas idosas perdem a memória”. Além de ser uma oportunidade de reconhecer práticas discriminatórias no cotidiano e repensar os mitos e estigmas sobre a população idosa.O documento traz também um histórico social e científico sobre o termo, desde sua criação, até a presença da discriminação nos tempos atuais.
Para ter acesso à cartilha basta preencher um formulário online ou clicar aqui.